Fonte: Carlos Rodrigues Brandão (brandao08@ig.com.br)
Autor: MZ, da Rádio Vaticano
O bispo emérito de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, o espanhol Dom Pedro Casaldáliga, um dos defensores da Teologia da Libertação ganhou nesta quinta-feira o XVIII Prêmio Internacional Catalunha.
Casaldáliga, de 78 anos, recebeu o prêmio por “sua louvável tarefa entre os mais desamparados, especialmente entre os indígenas e os sem terra”, anunciou o presidente do Prêmio, Xavier Rubert de Ventós. Ele destacou também os “objetivos espirituais” de Casaldáliga, “pelos quais entregou sua vida e de seus companheiros, como do Padre João Bosco, que morreu perto dele e seguramente no lugar dele”. De Ventós se referiu à morte do padre João Bosco Penido, em 1977, durante uma manifestação de protesto contra as torturas de prisioneiras pela polícia brasileira. Casaldáliga, grande defensor dos indígenas e dos mais desfavorecidos, já foi vítima de ameaças de morte e até de atentados por seu ativismo social e defesa dos pobres e dos camponeses sem terra do Brasil.
Nascido numa família de camponeses em 16 de fevereiro de 1928 e ordenado sacerdote na Congregação dos Missionários Claretianos em 1952, após passagem por várias cidades espanholas, viajou como missionário para Guiné Equatorial, onde permaneceu por um ano, antes de voltar à Espanha e, em 1968, seguir para o Brasil para exercer seu trabalho missionário.
Defensor da Teologia da Libertação, crítico da cúria romana e partidário do sacerdócio da mulher, assim como do celibato opcional dos sacerdotes, Casaldáliga foi ordenado bispo da prelazia de São Félix do Araguaia, que conta com uma das maiores populações indígenas do país.
Casaldáliga, autor de dezenas de livros e vídeos com grande presença da Teologia da Libertação, já é bispo emérito, mas continua vivendo na prelazia que esteve à frente durante mais de 30 anos.
O Prêmio Catalunha, criado pelo governo regional catalão para homenagear pessoas que contribuíram de maneira decisiva para o desenvolvimento de valores culturais, científicos e humanos em todo o mundo, é dotado de 80.000 euros e de uma escultura de Antoni Tapies.