Autor: Daniel Tygel – Secretaria Executiva do FBES
No dia 24 de maio deste ano, a secretaria executiva do FBES foi convidada a participar de uma reunião do Fórum Estadual de Economia Solidária de Roraima, com os objetivos de apresentar o FBES (histórico, forma de funcionamento e principais ações), e contextualizar o fórum estadual quanto à agenda e as prioridades do movimento de economia solidária para este ano.
O próprio fórum de Roraima conseguiu os recursos para meu translado e estadia através de um pequeno projeto justificado pela importância de informações atualizadas e precisas para o movimento no estado, já que foi constituído há apenas 5 meses e portanto muitas pessoas do estado não se sentem confortáveis sobre o rumo do movimento de economia solidária em nível nacional.
Foi uma experiência muito rica e de aprendizado para os dois lados: para o fórum estadual de RR, os esclarecimentos subsidiaram consideravelmente o trabalho de elaboração do Plano de Ação Estadual para 2005 que transcorreu à tarde do mesmo dia; para mim, enquanto representante da secretaria executiva nacional, o encontro serviu para que tivesse uma visão mais aprofundada e maior conhecimento sobre a situação atual da organização do movimento de economia solidária no estado de Roraima, o que deverá qualificar positivamente o nosso trabalho no escritório de Brasília, não apenas em relação à Roraima, mas também a outros estados que iniciaram há pouco tempo o processo de consolidação de um fórum estadual.
Me atentaram dois aspectos que julgo importantes para refletirmos dentro dos encontros nacionais:
1) Comunicação: Há uma dificuldade muito grande em fazer chegar aos atores da economia solidária nos estados as várias informações que chegam da secretaria executiva nacional do FBES. Esta dificuldade está tanto nos meios materiais (poucos espaços para uso de internet e dificuldades de impressão) quanto na qualificação das informações (ou seja, dificuldades em destrinchar as informações que chegam e compreendê-las contextualizadas politicamente no cenário atual da economia solidária). Isto se reflete também na representação dos estados nas intâncias nacionais (Coordenação Nacional e Conselho Interlocutor), como veremos a seguir;
2) Autonomia dos fóruns estaduais: Ficou clara a importância de construção de fóruns estaduais autônomos, o que não envolve apenas recursos financeiros para sua sustentação, mas também a prática de realização de encontros de planejamento anuais, e de debates sobre a própria natureza, forma de funcionamento e atribuições do fórum estadual. Também transpareceu a importância de haver uma pessoa liberada (parcialmente ou integralmente) para animação, mobilização e articulação do movimento no estado, além de uma estrutura de secretaria executiva estadual.
Com estas observações, devo ressaltar aqui a grande importância dos Encontros Regionais de Fóruns Estaduais previstos para este ano: seu principal objetivo é a troca de experiências entre fóruns estaduais, de modo que possam partilhar seus gargalos e as soluções encontradas para lidar com os mesmos. Certamente alguns estados, com maior história de organização do movimento de Economia Solidária que outros, poderão contribuir e evitar que os estados que entraram neste processo há menos tempo tenham que "reinventar a roda".
Deixo aqui, além disso, uma sugestão para os nossos encontros nacionais (da Coordenação Nacional e do Conselho Interlocutor): acredito que seria muito positivo ao movimento reservarmos nestas reuniões nacionais um espaço grande para formação das(os) participantes e qualificação da sua participação, para que se torne mais ativa e permita que o estado se faça representar, e que os resultados da reunião sejam comunicados com segurança e qualidade de volta aos estados.
De fato, a experiência foi muito fértil: ainda tenho outras reflexões, que procurarei partilhar em boletins futuros. Sem dúvida o local onde a economia solidária acontece concretamente é nos estados, municípios e bairros, sendo portanto necessário buscarmos crescer enquanto movimento organizado nestes espaços. Temos, portanto, uma rica caminhada pela frente e grandes desafios!