Por Isadora Candian dos Santos* e Leonardo Pinho**(http://www.infojovem.org.br)
A Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários Unisol Brasil esteve presente na reunião de retomada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – chamado informalmente de Conselhão, constituído por 92 conselheiros e conselheiras, dos mais representativos da sociedade brasileira, entidades sindicais, sociais e estudantis, representantes das duas centrais de cooperativas do país, OCB e Unicopas.
Além, da agenda do Conselhão, a Unisol Brasil esteve presente no Rio de Janeiro, em reunião com o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, nos dias 28 e 29 de janeiro. Em ambas as agendas, a UNISOL Brasil buscou a garantia da Política Nacional de Economia Solidária e a criação de um Fundo de Investimento.
A discussão e as propostas apresentadas pelo governo no Conselhão eram em torno da superação da crise e da retomada do crescimento. Além, dos representantes do governo, houve intervenções de 08 representações da sociedade civil, entre elas a União Nacional dos Estudantes e a da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
A centralidade das propostas do governo foram em torno da recuperação do poder de consumo das famílias brasileiras através da expansão de crédito, totalizando R$ 83 bilhões. As modalidades anunciadas foram rural, habitacional, infraestrutura, capital de juros, bens de capital, exportações e crédito consignado
A Presidente da UNE, Carina Vital, em sua intervenção apontou a preocupação com a recuperação do caminho do desenvolvimento, já que as juventudes são as que sofrem duramente com o crescimento do desemprego entre os jovens.
Realmente, em cenários de desaleceração econômica as juventudes chegam a ter três vezes mais os índices de desemprego. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) apontou que o desemprego de jovens no Brasil com idade entre 15 e 24 anos atingiu 15% no ano de 2015, superando a taxa média mundial nessa mesma faixa etária é de 13,1%, segundo o estudo Tendências Mundiais do Emprego de Jovens 2015.
Os jovens que estão chegando nesse momento ao mercado de trabalho, começam a sentir os impactos da crise econômica. Essa geração ainda não havia sentido o gosto do desemprego e da diminuição dos investimentos em educação, em especial, nos programas de acesso e ampliação do ensino superior. Durante mais de uma década, apesar da maior crise mundial, o Brasil manteve índices de crescimento econômico e ampliação do investimento social.
O atual momento tem dificultado as negociações coletivas, um pouco menos de 70% das negociações conquistaram ganhos reais e cerca de 15% delas não conseguiram nem repor a perda salarial nos primeiros seis meses do ano. O desempenho das negociações no primeiro semestre foi o pior da série histórica pesquisada pelo DIEESE desde 2004.
Nesse quadro de aumento do desemprego, afetando as juventudes, de diminuição dos investimentos em educação, de aumento de inflação e de diminuição do poder contratual dos sindicatos nas negociações coletivas, assistimos no país uma intensa discussão e debate político acerca de seus rumos.
Dois caminhos se apontam no horizonte do país, um caminho que quer nesse momento de crise que o Brasil faça reformas, como a da previdência e trabalhista, retirando direitos dos trabalhadores e aprofundamento à política de diminuição de investimentos e de aumento das taxas de juros. Por outro lado, diversos setores da economia apontam que é o momento de ampliar investimentos, públicos e privados, e os direitos sociais e econômicos, como forma de ampliação da confiança do brasileiro e de retomada da produção.
“O Conselho não é o lugar correto para debater a Reforma da Previdência, e sim o Fórum de Emprego, Trabalho, Renda e Previdência Social, constituído com as centrais sindicais. Não aceitaremos qualquer medida que reduza direitos dos trabalhadores”, assegurou Rafael Marques, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A retomada do Conselhão reabre o debate do desenvolvimento na sociedade brasileira e de um canal de dialogo e pactuação de propostas e agendas com o governo federal.
A Diretora da Unisol Brasil e militante da Articulação Nacional Juventudes e Economia Solidária, JUVESOL, Isadora Candian, esteve presente na reunião no BNDES e aponta que nesse momento de crise é necessário manter a atual política nacional de economia solidária, com estrutura e orçamento, e criar um Fundo de Investimento para enfrentar a situação de falências, através da recuperação de empresas com autogestão dos trabalhadores e trabalhadoras e de fomento e incentivo as empresas recuperadas, redes, cooperativas e associações, para manter e ampliar seus postos de trabalho.
A Unisol Brasil irá reforçar o time dos que acreditam que é o momento de o país voltar a combinar crescimento econômico com ampliação dos investimentos sociais, para retomar o ciclo virtuoso de ampliação de oportunidades e de sonhos para as juventudes brasileiras. Em especial, retomar a ampliação e os investimentos em educação e manter políticas e estratégias que garantam e ampliem postos de trabalho.
A Unisol Brasil nessa perspectiva entende que para as Juventudes continuarem a olhar para frente e deixar o passado da insegurança, de desemprego estrutural e de baixo investimento social, para a memória dos mais velhos e para os livros de história é necessário ter Ousadia e apostar no Brasil.
* Isadora Candian dos Santos, diretora-tesoureira da UNISOL Brasil, sócia do empreendimento Ideário – Rede Design Possível, membro da JUVESOL – Articulação Nacional Juventudes Economia Solidária
** Leonardo Pinho, Presidente da Unisol Brasil