Por Rodrigo Marcelino* (http://www.brasildefato.com.br/node/32336)

Completaram-se dois anos das manifestações de junho de 2013 no Brasil. Na segunda parte dessa análise sobre o cenário brasileiro após Jornadas, destaca-se a necessidade de construção de um projeto popular e democrático.

Na última coluna, iniciamos uma reflexão sobre o significado das chamadas “jornadas de junho de 2013”.

Naquela primeira parte deste artigo, apontamos que 2013 abriu um novo período se repensar esse país, avaliar seu passado e presente e começar a construir um novo futuro.

Da chegada dos europeus até os dias de hoje, elites extremamente autoritárias controlam a economia e o Estado brasileiros, canalizando suas energias e empreendimentos para a satisfação de seus interesses particulares e de estrangeiros, através da superexploração da força de trabalho nacional.

O resultado disso é uma sociedade marcada por imensas desigualdades sociais e um Estado “pouco” permeável às demandas dos grupos subalternos. Com base na cooptação, no convencimento – por expedientes ligados à educação, aos meios de comunicação, etc. – ou na repressão, as elites mantêm um esquema de conciliação entre elas e de total afastamento do povão das grandes decisões sobre o rumo do país.

Projeto popular e democrático

Só mudaremos isso democratizando esse país. Finalizando a transição iniciada com o declino da ditadura que, porém, nunca foi concluída. Dizendo às elites que o povo brasileiro não tolera mais as instituições arcaicas e antidemocráticas. Que nossas demandas reprimidas por educação de qualidade, saúde decente, transporte, moradia, saneamento, segurança, trabalho e direitos não mais estarão a serviço dos novos senhores da Casa Grande.

Mas não basta dizer. Se há um erro que foi cometido por alguns setores nos últimos anos foi não organizar o povo para impor as reformas estruturais que resolveriam nossos problemas.

As elites brasileiras não darão essas respostas. Elas são sócias menores das elites estrangeiras e mantêm com elas uma relação de servilismo.

Teremos nós, o povo, que retomar um projeto popular e democrático de Brasil. Um projeto que nos faça grandes e recupere o sentido de povo-nação. Que radicalize a democracia, os direitos e que diga às elites que não haverá conciliação a partir de seus interesses.

Estamos chegando em mais uma grande bifurcação da história brasileira. Qual caminho escolheremos, enquanto povo e enquanto forças progressistas e democráticas: o do brasil ou o do Brasil? Só a luta organizada, unitária e massiva mudará a vida e nos fará Brasil.

*Rodrigo Marcelino é militante da Consulta Popular