Fonte: Fase
Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil: o Mapa de Conflitos, livro organizado por Marcelo Firpo Porto, Tania Pacheco e Jean Pierre Leroy, será lançado pela Editora Fiocruz com dois eventos.
O primeiro é o vigésimo aniversário da editora, comemorado na Academia Brasileira de Letras. O lançamento (que inclui outras obras) será em 8 de novembro, de 15h30 às 18h. A ABL fica na Av. Presidente Wilson, 203, Centro/Castelo, Rio de Janeiro.
Já em 15 de novembro, sexta-feira, o segundo lançamento acontece entre 17h às 18h, durante o VI Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Está marcada sessão de autógrafos no estande Espaço Saúde & Letras, que será montado no foyer do Teatro Odylo Costa Filho, no campus Maracanã (R. São Francisco Xavier, 524 – Maracanã – Rio de Janeiro).
O Livro: uma lupa atenta sobre o Mapa
Tania Pacheco, coordenadora executiva do Mapa de Conflitos Ambientais e uma das organizadoras da publicação, explica que apesar da quantidade de informações disponibilizadas há três anos no mapa, o livro é importante na compreensão dos dados:
“O livro é uma reflexão sobre o Mapa, que é em si um material muito rico e de fácil uso. O que fazemos com o livro é extrair um pouco da riqueza dos mapas. Ele conta sobre a história do projeto e salienta alguns aspactos que nos pareciam importantes. Entre eles, a metodologia inovadora, com relatos que partem do olhar dos atingidos, das histórias deles”, comenta, indicando que as análises no livro permitem uma visão complexa sobre a realidade: “uma coisa é ver no mapa que existe o Porto de Açu, onde está, quantos municípios impacta. Outra é perceber a relação deste porto no Rio de Janeiro com a mineração de Conceição do Mato Dentro (MG), inserida num país chamado Brasil”, exemplifica.
O Mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e Saúde no Brasil é resultado de um projeto desenvolvido em conjunto pela Fiocruz e pela Fase, com o apoio do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde e continua sendo atualizado. Quatro pesquisadores verificam e reúnem informações sobre casos já registrados e outros novos. Denúncias chegam de diversas fontes, muitas vezes por meio do blog Racismo Ambiental. O mapa foi publicado inicialmente com 300 casos. Hoje, mais de 400 estão listados.
“O ponto de partida é sempre o olhar dos atingidos, é a história deles, o que acontece com eles. E então os pesquisadores reúnem mais material de imprensa local, regional, nacional, informes de ONGs e movimentos sociais, etc. O resultado é tão rico, pode-se ver o papel das populações, do poder público, da Justiça em cada caso. É um instrumento excelente para pesquisa e também para ver onde é importante influenciar”, completa Jean Pierre Leroy, da FASE, outro organizador do livro.
Os oito artigos “Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil: o Mapa de Conflitos” destacam a metodologia de trabalho, lançam luz sobre a prevalência do Racismo Ambiental nos conflitos do Mapa e enfatizam a disputa por territórios ocupados por Indígenas e Comunidades Tradicionais como causa de muitos conflitos. Mineração, Siderurgia e Energia são outros temas em destaque, assim como o agronegócio e os impactos do modelo de desenvolvimento sobre as cidades. A ferramenta e a metodologia também são analisadas como “Espaço de Cidadania”. As “Alternativas para o Futuro” são também alvo de mapeamento.
Na orelha, Jorge Eduardo S. Durão, da FASE, destaca: “a força material e ideológica do projeto de desenvolvimento dominante – fortemente embasado na crença em que tal modelo de desenvolvimento é o pressuposto da erradicação da pobreza – coloca para todos nós o desafio de formular alternativas ao atual modelo e de pensar o processo de transição para uma sociedade sustentável e democrática”.
O mapa e a nova publicação, certamente, apresentam-se como ferramentas importantes neste processo.