Fonte: Brasil de Fato

Acorda Dilma! Junte-se ao povo e impeça o leilão. Você não havia prometido que ouviria as ruas? As ruas querem impedir o leilão do petróleo

Editorial da edição 549 do Brasil de Fato

Estes dois temas estão presentes em toda a mídia brasileira nos últimos dias, e nessa semana da Pátria. E certamente nos motivam refl exão. A questão da vinda dos médicos cubanos evoca o internacionalismo, o humanismo frente aos problemas de saúde do povo e a xenofobia corporativista de um setor de médicos brasileiros contra a presença desses profissionais em nosso território.

A sociedade brasileira é o resultado da miscigenação de centenas de etnias. Somos os povos nativos divididos entre muitos povos, com suas culturas e costumes, depois a vinda de europeus também de diversos países, os africanos de inúmeras etnias e grupos e, mais tarde os asiáticos, também de diversas origens. E, mais recentemente temos recebido migrantes da Bolívia, Paraguai, Chile, Peru, China e Coreia.

Há mais de 70 mil profissionais de arquitetura e engenharia estrangeiros atuando no país. Com as privatizações do governo FHC, centenas de empresas estatais privadas foram inundadas com diretores e gerentes de outros países. Nem uma linha na imprensa burguesa contra eles. Há até uma praça na cidade de São Paulo que homenageia os 180 povos/etnias que já teriam presença na cidade.

Por que então tanta raiva, ódio contra os médicos cubanos? Disputa de mercado não é. Afinal, eles vão ganhar menos que os brasileiros e somente irão trabalhar em municípios que os médicos brasileiros não querem ir. Então, só tem uma explicação: a xenofobia contra estrangeiros e o ódio de classe contra os pobres brasileiros que precisam de atenção. E as duas coisas são crimes.

Esperamos que o povo brasileiro execre a atitude desses falsos médicos que abandonaram de vez a ética que juraram.

Leilões do pré-sal

A semana da Pátria evoca sempre a soberania nacional, os valores de nossa cultura brasileira e a necessidade de defendermos os interesses de todo o povo. E os militares aproveitam a efeméride para se colocar na primeira fila dessas bandeiras.

É um bom momento para refletirmos e lutarmos contra os anunciados leilões das reservas do pré-sal, no chamado campo de Libra, que fica no litoral paulista/carioca. Os técnicos estimam que as reservas tenham petróleo equivalente a mais de 1 trihão de dólares. Mas o governo com sua Agência Nacional de Petróleo, feliz, anuncia que espera arrecadar 14 bilhões de reais, e que os vai destinar à educação. As empresas petrolíferas estrangeiras agradecem, e estão eufóricas com o leilão. Mas isso é um assalto ao patrimônio público de todo o povo brasileiro, como reza a Constituição. E mesmo a lei de petróleo aprovada no governo Lula, determina que a prioridade para exploração do pré-sal seja da Petrobras. Portanto, não se explica por que tanta pressa do governo Dilma querer privatizar. Haveria alguma razão sigilosa, algum compromisso com os capitalistas de todo o mundo?

Os movimentos populares de todo o país, os sindicatos de petroleiros, as pessoas de sã consciência estão dispostas a lutar até o último minuto para impedir a realização desse leilão antissoberano e vende-pátria.

O governo Dilma, se levar essa sanha até o final, conseguirá se sobrepor ao governo FHC na categoria lesa-pátria, quando o então governo tucano entregou – a preço de banana, doado – a nossa maior empresa de mineração, a Companhia Vale do Rio Doce. Agora, o governo Dilma, sob comando do ex-porta-voz do governo da ditadura do general Ernesto Geisel, o senhor Lobão, entregará nossa maior reserva de petróleo, que vai demorar 50 anos para explorá-lo.

Por isso, o nosso jornal Brasil de Fato se soma a todos os movimentos sociais e forças populares nessa campanha permanente para impedir que se realize o leilão do pré-sal no dia 21 de outubro próximo.

Esperamos conseguir reter essas reserva para que a Petrobras possa ir explorando de acordo com as necessidades do povo brasileiro, e que os seus resultados sejam destinados no investimento de educação e de saúde.

Se houver leilão, quem ficará com maior parte do bolo serão as empresas transnacionais. O Estado brasileiro ficará apenas com a parcela de 10% de royalties, e estes então seriam destinados à educação e à saúde.

Nós precisamos garantir os 100% do petróleo para educação e saúde, e não apenas os 10% de royalties.

Acorda Dilma! Junte-se ao povo e impeça o leilão. Você não havia prometido que ouviria as ruas? As ruas querem impedir o leilão do petróleo. Não entre para a história como a maior privatizadora dos recursos naturais de toda a história do Brasil. Deixe essa faixa apenas para o FHC. E se tiveres alguma dúvida sobre esse tema convoque um Plebiscito Popular. Deixe o povo decidir sobre o futuro das reservas do petróleo.