Fonte: Por Andrea Mendes (FBES)
De 12 a 14 de julho de 2013 os catadores estiveram reunidos em Santa Maria para debater a situação e desafios com relação aos trabalhadores coletores de materiais recicláveis. Estiveram presentes Andrea Mendes por RIPESS, Carlos Eduardo Arns pelo FBES e Joilson Santana pelo empreendimento Camapete.
Na abertura, Andréa Mendes, representante do FBES/RIPESS, contextualiza aos/as participantes um pouco do histórico das redes que representa na cerimônia de abertura e afirma que tem crescido a participação de Catadores nos espaços locais da economia solidária. De outro lado, é necessário que se estabeleça uma relação de parceria cada vez mais sólida entre catadores/as organizados e movimento de economia solidária, pois muitas vezes encontramos lacunas, apesar de estarmos na mesma frente de luta e do segmento catadores ser parte do movimento de economia solidária. Reforçou o convite para que se agreguem aos Fóruns Locais de Economia Solidária, para defender e construir um projeto político de autonomia dos /as trabalhadores/as e em prol do desenvolvimento sustentável e solidário. Precisamos caminhar juntos/as para melhorar as condições de trabalho, a organização coletiva dos empreendimentos solidários de catadores e a qualidade de vida de nossas famílias.
Na oportunidade, convocou o MNCR para Coleta Nacional de Assinaturas pela Iniciativa Popular da Economia Solidária, entregou o relatório da V Plenária Nacional do FBES ao representante dos/as catadores/as à mesa, Alex Cardoso, e, anunciou a realização do V Encontro Mundial da RIPESS/2013 em Manilla e VI Encontro Latinoamericano de Comércio Justo e Economia Solidária, que se realizará na região do Caribe, em 2014, convidando todos /as ali presentes.
Ainda, no 1º Painel: OS DESAFIOS E AVANÇOS DA AUTOGESTÃO NAS ORGANIZAÇÕES DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NA PERSPECTIVA DA ECONOMIA SOLIDÁRIA, o representante da Rede de ITCP’s/FBES, Carlos Eduardo Arns, da Unochapecó/SC ressaltou que apesar das enormes dificuldades e contradições políticas desse país, os catadores tiveram conquistas importantes nestes últimos anos, fruto da sua organização e luta, dentre as quais destacou: o reconhecimento do trabalho de catador como profissão e, por conseguinte torna-se possível sair da invisibilidade e ganhar respeito na sociedade; a aprovação da Lei 12305 que institui a Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos, a partir da qual possibilita a inserção dos catadores como sujeitos sociais na gestão da cadeia produtiva dos materiais recicláveis, desde que organizados, embora esse ainda é um caminho complexo que precisa ser percorrido. Com relação aos desafios da autogestão nas organizações destacou: a necessidade de construir e apropriar-se de um conhecimento sobre o funcionamento da economia capitalista; construir um conhecimento aprofundado sobre o contexto onde estão inseridos os empreendimentos (Município, Território, Região) para compreender os limites e potencialidades da cadeia produtiva; outro nível de desafios se encontra dentro da organização onde se faz necessário cada vez mais, ampliar a capacidade de lidar com situações, conhecimentos e tecnologias mais complexas, desenvolver capacidades de lideranças com práticas democráticas e postura educadora; por fim que para isso é necessário estar organizado fortemente, como e o caso do MNCR e sua participação no FBES, bem como buscar construir parcerias que ajudem a construir e fortalecer a autogestão como é o caso da Rede Nacional de Incubadoras (REDE-ITCPs).
Joílson Santana, representante da Cooperativa de Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental – CAMAPET, Complexo Cooperativo de Reciclagem da Bahia – CCRB e do FBES, participante do 2º Painel: POLÍTICAS PÚBLICAS DE RESÍDUOS SÓLIDOS E O FORTALECIMENTO DAS ORGANIZAÇÕES DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS.
Ressaltou a necessidade de integração das políticas publicas que dialogam com as demandas e necessidades dos catadores de materiais recicláveis como forma de intervir nas resoluções de problemas que ainda os trabalhadores convivem no seu dia a dia. Ainda pontuou que os empreendimentos econômicos solidários convivem com o desafio de construir um novo modelo de desenvolvimento econômico solidário, respeitando a dinâmica sócio produtiva e a realidade de cada território. Por fim destacou que o segmento dos catadores de materiais recicláveis tem obtido avanços significativos durante últimos anos, através de parcerias com o Governo Federal, porem os programas e projetos em execução não abarcam toda a demanda de problemas e desafios que os trabalhadores passam e convivem em todo país e que falta uma resposta e atenção da maioria dos governos estaduais e municipais, no tocante as políticas publicas de apoio aos catadores de materiais recicláveis.
O segmento dos catadores de materiais recicláveis está cada vez mais fortalecido com a ação coletiva do MNCR e com a realização de programas e políticas voltadas para o setor. O evento estratégico contou com a participação de catadores/as oriundos das redes organizadas em alguns estados brasileiros, a partir do Programa Cataforte, que já se encontra em sua 3ª Etapa. Além disto, estabeleceu um diálogo mais amplo na perspectiva da organização da cadeia produtiva e logística solidária, bem como na troca de experiências entre países. Podemos citar aqui, que estiveram presentes, Roberto Casaccia (Retos al Sur) e Ruben Zelmar Alvaez (Programa TENS), do movimento de economia solidária do Uruguay.