Fonte: Amigos da Terra Internacional (www.pratoslimpos.org.br)

Amigos da Terra Internacional demandou hoje aos governos do mundo a que limitem o uso do pesticida glifosato, depois que resultados de análises de laboratório publicados na semana passada demonstraram a presença de restos do pesticida em pessoas de 18 países europeus. [1] As análises sem precedentes, que realizou Amigos da Terra Europa, revelaram que 44% das amostras de 182 voluntários de 18 países europeus continham restos do pesticida[2].

O glifosato é um dos pesticidas mais utilizados no mundo por agricultores, governos locais e jardineiros, e se aplica de forma extensiva nos cultivos geneticamente modificados (GM).

Nos Estados Unidos e na América Latina, os agricultores estão utilizando cada vez maior quantidade de pesticidas (entre eles o glifosato), em grande medida devido a adoção em grande escala de cultivos geneticamente modificados [3].

A empresa de biotecnología estadunidense Monsanto, a maior produtora de glifosato no mundo, vende o produto com o nome de “Roundup”.

Lisa Archer, diretora do programa Alimentos e Tecnología de Amigos da Terra Estados Unidos, declarou:

“Descobrir restos de glifosato e, pessoas na Europa nos coloca varias perguntas graves: Como chegou lá? Por que os governos não estão analisando sua presença em humanos? Também pode encontrar-se em cidadãos americanos? A diferença de Europa, os Estados Unidos planta grandes quantidades de cultivos resistentes ao glifosato, o que tem provocado uma utilização massiva de pesticidas e as denominadas ‘superpragas’. Algumas delas já estão fora de controle. A recente descoberta de trigo geneticamente modificado (não autorizado) da Monsanto em plantações nos Estados Unidos soou o alarme e confirma a necessidade de impor controles mais estritos aos agronegócios”.

Em maios de 2013, um tipo de trigo geneticamente modificado resistente ao glifosato foi encontrado em uma granja em Oregon, Estados Unidos. O trigo foi desenvolvido pela Monsanto, que o submeteu a análises entre 1998 e 2005, mas nunca foi aprovado nem comercializado. Desde então os sócios comerciais dos Estados Unidos tem imposto restrições ou tem submetido a análises o trigo importado de Estados Unidos [4].

Adrian Bebb, porta-voz de Amigos da Terra Europa, afirmou:

“O agronegócio que promove os cultivos geneticamente modificados e os pesticidas quer fazer de conta que tem a situação sob controle, mas a descoberta de restos deste pesticida na urina de pessoas sugere que estamos sendo expostos ao glifosato em nossas vidas cotidianas e, assim mesmo, não sabemos de onde vem, que tão ampla é sua presença no meio ambiente, nem como está afetando nossa saúde”.

“Os governos de todo o mundo devem limitar o uso de glifosato, aumentar as investigações e garantir que se coloquem os interesses das pessoas e do meio ambiente frente aos de algumas poucas empresas”, acrescentou.

Segundo cifras de 2010, 70% de todo o milho plantado nos Estados Unidos foi modificado geneticamente para resistir ao pesticida, igual que 78% do algodão e 93% da soja [5].

Na Europa tem havido oposição generalizada aos cultivos transgênicos. Se bem somente um cultivo geneticamente modificado tem sido cultivado para fins comerciais, há 14 solicitações para a plantação de cultivos resistentes ao glifosato que a Unión Europea está considerando.

Na Argentina se utilizam 200 milhões de litros de pesticidas a base de glifosato ao ano, somente em plantações de soja[6]. O Brasil é o maior consumidor agrotóxicos do mundo desde 2009, quando o volume de herbicidas vendidos no país foi de 430 milhões de litros, sendo 280 milhões de litros apenas de glifosato.

PARA MAIS INFORMAÇÃO CONTATAR:

Adrian Bebb, Amigos da Terra Europa, Tel: + 49 1 609 490 1163, email adrian.bebb@foeeurope.org

Lisa Archer, diretora do programa de alimentos e tecnologia de Amigos da Terra Estados Unidos, Tel: +1 510 900 3145, email larcher@foe.org

O Informe sobre o glifosato e os motivos de preocupação está disponível em: www.foeeurope.org/glyphosate-reasons-for-concern-briefing-130613

NOTAS

[1] É a primeira vez que se realiza um seguimento em toda a Europa da presença do l pesticida em humanos. Os participantes do estudo, que proporcionaram amostras de forma voluntaria, vivia em cidades e nenhum dele havia manipulado nem utilizado produtos com glifosato antes das análises.Para mais informac a leia o aetigo de Wall Street Journal: http://blogs.wsj.com/brussels/2013/06/13/study-youre-in-trouble-roundup/

[2] Foram coletadas amostras de urina de 182 voluntários da Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Espanha, França, Geórgia, Holanda, Hungria, Letônia, Macedônia, Malta, Polônia, Reino Unido, República Checa e Suíça. Os voluntários viviam em cidades e tinham dietas vegetarianas e não vegetarianas. Nao foram tomadas duas amostra de um mesmo lugar. As amostras foram analisadas pelo Dr. Hoppe de Medizinisches Labor Bremen na Alemania (http://www.mlhb.de/).

[3] Leai o artigo da Reuters (en inglés): “Pesticide use ramping up as GMO crop technology backfires: study” em: http://www.reuters.com/article/2012/10/02/us-usa-study-pesticides-idUSBRE89100X20121002

[4] USDA APHIS, 29 de maio de 2013. ‘USDA Investigating Detections of Genetically Engineered (GE) Glyphosate-resistant wheat in Oregon”, em: http://content.govdelivery.com/bulletins/gd/USDAAPHIS-7d0c5e

[5] Para mais informação, visite: http://usda.mannlib.cornell.edu/usda/nass/Acre/2010s/2010/Acre-06-30-2010.pdf

[6] Para mais informação, consulte:http://www.keine-gentechnik.de/fileadmin/files/Infodienst/Dokumente/2012_08_27_Lopez_et_al_Pesticides_Sou