Secretaria Executiva do FBES

De 27 a 30 de maio, no Rio de Janeiro, houve a Semana Mundial do Comércio Justo e Solidário com a realização do Salão Mundial do Comércio Justo e Solidário, na praia de Copacabana. O evento contou com a presença de integrantes da Coordenação Nacional do FBES, do empreendimentos de economia solidária iniciados no Sistema Nacional de Comércio Justo, integrantes da WFTO e convidados das redes internacionais (Ripess-Lac e EMS).

Durante a semana, FBES e Faces do Brasil apresentaram sua trajetória organizativa no Brasil, dialogando e trocando experiências com membros de outros países que atuam com comércio justo.

Diferente de outras experiências pelo mundo, o comércio justo no Brasil surge a partir da organização da economia solidária, como estratégia de ação integrada e conjunta para a construção de um mundo justo, solidário e sustentável.

O desenvolvimento do comércio justo e solidário nasce e cresce pela necessidade do movimento de economia solidária, para criar um novo mercado local, justo e solidário, fundamental para a contrução de um desenvolvimento sustentável a favor da vida, na luta contra o capitalismo. Além disso, a proposta brasileira que é recente segue em normatização entre governo e sociedade civil para consolidar o Sistema Nacional do Comércio Justo, buscando a coerência entre o processo e o produto final dos empreendimentos de economia solidária, dentro de princípios e critérios construídos juntos com o movimento nacional de economia solidária. Desta forma, não é apenas o produto que precisa estar em conformidade, mas a forma e organização produtora tem que cumprir os principios do comércio justo e da economia solidária e a prioridade é atender ao mercado local.

Nos debates foi destacado que a América Latina traz um caminho de aprendizagem para o restante do mundo na construção e pressão social dos movimentos sociais, que inova o conceito em grande parte ainda inadequado do comércio justo internacional, calcado na relação norte-sul e na inserção em mercados convencionais e em nichos de mercado atrelados a multinacionais, algumas vezes em caráter assistencial e que não se contrapões as macroestruturas do capital. De forma diferente, o Brasil traz a construção de sistemas participativos de certificação e garantia, do comércio justo atrelado a economia solidária buscando garantir a soberania alimentar das comunidades, com enfoque político para incidência econômica, e não o contrário.

O evento contou com a presença do Ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, do Secretaria Nacional de Economia Solidária, Paul Singer, a vice-presidência do BNDES, e ainda com um diversos debates sobre as experiências mundiais no tema.

Neneide, da Coordenação Executiva do FBES, trouxe sua experiência na mesa de abertura no BNDES “O comércio justo é construído por nós a partir de onde vivemos e moramos, da nossa casa, do que produzimos e comemos. O governo tem que aprender a respeitar o nosso tempo, temos que construir isso junto para que seja permanente, garantindo o acesso a política pública e financiamento na base, estamos nesta casa [BNDES] para isso”.

Espera-se que a experiência e construção brasileira possa seguir em construção junto ao movimento de economia solidária e gerar aprendizados frente as experiências internacionais, além de que as políticas públicas brasileira estejam a serviço destas demandas sociais.