Fonte: Correio ()
Por Redação
No dia 8 de março, a Marcha pela vida das mulheres e pela Agroecologia chegou a sua quarta edição. Mais de três mil mulheres agricultoras da região da Borborema se encontraram no município de Solânea (PB) para denunciar as desigualdades e a violência contra mulher e afirmar, a uma só voz, a luta por direitos e por relações mais justas na agricultura familiar.
O ato teve início às 9h, em frente à sede do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Solânea, localizado à rua Josefa Crispim, 50 com a apresentação da peça “Zefinha vai casar”, encenada pelo Grupo de Teatro do Polo da Borborema. Na trama da peça, Margaridaprepara sua filha para se casar e Zefinha sentirá a perpetuação das relações patriarcais nos caminhos previamente traçados para sua própria vida.
Após a peça, as agricultoras sairam em marcha pelas ruas do centro da cidade até a Praça 26 de Novembro, onde foi realizada uma feira de exposição de experiências e produtos frutos do trabalho das mulheres. A feira trouxe ao público os resultados do amplo movimento de inovação promovido por uma rede de agricultoras-experimentadoras que estão ampliando e fortalecendo suas formas de inserção social, econômica e política.
A marcha é organizada pelo Polo Sindical e das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema.O Polo é um fórum articulador de organizações de 15 municípios e mais de cinco mil famílias do Agreste da Borborema,contando com a assessoria da Organização Não Governamental AS-PTA Agroecologia e Agricultura Familiar.
Polo e AS-PTA acreditam que as desigualdades entre homens e mulheres e a violência, como expressão mais cruel dessas desigualdades, constituem um forte bloqueio para que a agricultura familiar de base ecológica se consolide como modo de produção e de vida para as famílias agricultoras.
Como em todos os anos, a marcha marca o encerramento de uma série de eventos promovidos com lideranças e agricultoras, em que é feita uma leitura crítica dos papéis sociais e sexuais reservados às mulheres e das condições de vida a que estão submetidas num contexto de persistência histórica da cultura patriarcal. Os eventos buscam também reformular, construir e valorizar estratégias de superação desse quadro, a partir das práticas e vivências das mulheres agricultoras,tanto no ambiente familiar como nas esferas públicas. Esses eventos são ainda oportunidades de afirmação do protagonismo das mulheres na construção do projeto agroecológico para a região. A grande inovação desse anofoi o estímulo à capilarização do debate para as comunidades por meio da utilização do vídeo A vida de Margarida,permitindo que mais mulheres possam refletir sobre sua condição.
A marcha contou com a participação de caravanas de várias regiões que compõem a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba), o Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) e o Coletivo Estadual de Mulheres do Campo e da Cidade que se juntam ao Polo da Borborema e a AS-PTA para fortalecer esta luta.