Fonte: Raquel Rigotto (raquelrigottolistas@gmail.com)

A iniciativa da ABRASCO está sendo construída junto aos movimentos sociais do campo, principalmente camponeses. A proposta é a elaboração de Cartas a partir de territórios indígenas, quilombolas, e outros povos que estão sofrendo com os venenos ou que estão construindo alternativas. O objetivo é dar visibilidade à injustiça e ao racismo ambiental que atravessam a questão dos agrotóxicos no Brasil. O contexto é o da construção da Etapa 3 do Dossiê Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde, que está sendo elaborado pela Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva, no intuito de empenhar seu potencial científico para fortalecer a Campanha contra os Agrotóxicos e pela Vida.

A iniciativa tem tido bastante repercussão na mídia e até o momento, já foram lançadas duas Etapas do Dossiê:

Etapa 1 – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde, lançado durante o World Nutrition Congress em abril, no Rio de Janeiro

Etapa 2 – Agrotóxicos, saúde, ambiente e sustentabilidade, lançado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) – Cúpula dos Povos, em junho, no Rio de Janeiro

A Etapa 3 terá como tema Agrotóxicos, Conhecimento e Cidadania e será lançada no X Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, da ABRASCO, em novembro, em Porto Alegre.

Assim, se os leitores são/estão em contato com territórios/comunidades atingidos pela modernização agrícola, sofrendo impactos no modo de vida, na saúde e no ambiente ou construindo alternativas a ela, animem-se a registrar esta vivência e mostrá-la ao Brasil num contexto crítico e de luta. As orientações de como proceder estão abaixo, e já é uma construção da RBJA ao Dossiê, pois se inspira no Mapa de Injustiça Ambiental e Saúde (e pode vir a contribuir com ele também).

1. Para elaborar as Cartas, trazendo as Vozes dos Territórios

Para dar visibilidade aos conflitos causados pelos agrotóxicos e às alternativas que vêm sendo construídas pelas comunidades/movimentos do campo e ainda, para aprofundar a relação academia-movimentos, identificar experiências para relatar:

explicitando como vivem o problema dos agrotóxicos em seu território, e como isto é perpassado pelo racismo ambiental e/ou

dando visibilidade às alternativas de produção de alimentos/soberania alimentar/agroecologia que vêm construindo Queremos trazer para o Dossiê as Vozes dos Territórios, em sua concretude, com suas cores e dores.

E queremos também criar oportunidade de diálogos que (aprofundem) aproximem pesquisadores e professores dos movimentos e comunidades, de forma a permanecer um ganho organizativo.

2. Referencias para o que deve estar nas Cartas e/ou na Contextualização delas

A proposta é que as Cartas sejam preparadas na forma de expressão/linguagem das comunidades. Podem ser somadas a elas fotos, depoimentos, mapas sociais que a comunidade considerar importantes. Em seguida, a própria comunidade, movimentos, entidades e pesquisadores dialogam para contribuir na contextualização da experiência relatada e na complementação de alguns dados/informações listados abaixo.

2.1 Comunidades atingidas pelos agrotóxicos/agronegócio

Identificação da Comunidade:

Localização: município, fazenda ou assentamento, estradas, rios, etc;

Quem vive nela: grupo/etnia, quantas famílias e pessoas, há quanto tempo

Identificação do conflito com os agrotóxicos:

Como o problema é vivido pela comunidade

Quando começou e como tem evoluído

Tipos de cultivos envolvidos: soja, cana, eucalipto, fumo, algodão, etc…

Empresas envolvidas

Agrotóxicos: quais os ingredientes ativos e produtos utilizados, quantidades, tipos de aplicação (costal, pulverização aérea, pivô, trator) e formas de contaminação

Como a comunidade percebe a contaminação da água, do solo, do ar e dos alimentos, se for o caso

Como a comunidade percebe a contaminação e adoecimento das pessoas – casos, sintomas, queixas, grupos mais vulneráveis

Quem ajuda, quem dificulta a defesa da vida e da saúde na comunidade: aliados, estratégias das empresas, o papel dos órgãos públicos (saúde, meio ambiente, assistência técnica, universidades, etc)

Qual o recado da comunidade para os brasileiros que vão ler sua carta no Dossiê?

Outros temas que achar importantes

2.2 Comunidades em transição agroecológica/construindo soberania alimentar

Identificação da Comunidade:

Localização: município, fazenda ou assentamento, estradas, rios, etc;

Quem vive nela: grupo/etnia, quantas famílias e pessoas, há quanto tempo

Contando a experiência agroecológica/soberania alimentar:

Como a comunidade decidiu seguir este caminho?

Quando começou e como tem evoluído o trabalho?

Atividades desenvolvidas

Como constroem o conhecimento necessário?

Como a comunidade percebe os efeitos destas práticas para o seu bem viver e para o meio ambiente?

Como a comunidade percebe os efeitos destas práticas para a saúde das pessoas?

Quem ajuda, quem dificulta a defesa da vida e da saúde na comunidade: aliados, estratégias, o papel dos órgãos públicos

Qual o recado da comunidade para os brasileiros que vão ler sua carta no Dossiê?

Outros temas que achar importantes

Prazo: o material deve chegar na equipe do Dossiê até o dia 30 de setembro.