Nós, participantes da Plenária Estadual de Economia Solidária no RN – “Economia Solidária: Bem viver, cooperação e autogestão para um desenvolvimento justo e sustentável” realizada nos dias 24 e 25 de agosto de 2012, em Natal-RN.
Reafirmamos nossa oposição e enfrentamento ao sistema capitalista, patriarcal e racista que provoca grandes desigualdades sociais em diferentes aspectos da vida: econômica, política, social e cultural. Um sistema que tem gerado pobreza, desemprego, exploração do trabalho, mercantilização dos recursos naturais e de todas as formas de vida.
Somos um movimento de economia solidária que se contrapõe ao modelo capitalista de desenvolvimento e tem o Fórum Potiguar de Economia Solidária como um instrumento de mobilização e articulação política, bem como de acesso as políticas publicas. Reafirmamos que a economia solidária é uma alternativa, um projeto de sociedade que se articula com a agroecologia, a luta por igualdade e justiça social, princípios que nos fundamentam e nos fortalecem.
Nossa identidade territorial se constrói a partir de uma construção coletiva como espaços de emancipação das pessoas, cujas bases políticas estão fundamentadas na construção de cadeias produtivas solidárias, respeito ao meio ambiente, o consumo responsável, a cultura, o protagonismo das pessoas e a regionalidade social. Defendemos a necessidade da criação de políticas públicas por meio da participação ativa nas dinâmicas territoriais, na mobilização e articulação de associações, cooperativas, grupos produtivos solidários e associações como protagonistas principais de organização mobilização e articulação da luta contra a pobreza, a opressão, a exploração do trabalho e da vida das pessoas.
Reafirmamos a importância da participação dos empreendimentos econômicos solidários enquanto um segmento que precisa desenvolver suas atividades de forma autogestionária, respeitar a diversidade, desenvolver agricultura familiar, fomentar a sustentabilidade da vida humana e do meio ambiente, valorizar a qualidade de vida, valorizar a participação de mulheres e jovens nos processos de organização e comercialização, fomentar o empoderamento político dos/as produtores/as e consumidores/as, bem como valorizar as atividades da pesca e do artesanato.
Reafirmamos a importância das entidades de apoio e fomento a articulação e discussão da economia solidária fortalecendo a realidade das bases através do debate das políticas públicas, no fomento a construção de grupos de jovens estimulando o debate sobre economia solidária e êxodo rural. Contribui com a organicidade dos empreendimentos e com sua articulação para os acessos as políticas públicas de comercialização como o PNAE, PAA e articula a discussão de cultura nos EES. Mobilizar e fortalecer a participação das mulheres e jovens nos processos de produção, comercialização e formação como instrumento de autonomia e organização. Para isso, é importante que se valorize a educação popular como método de abordagem nos processos de formação e de construção coletiva da gestão dos EES.
Reafirmamos a importância da participação dos Gestores Públicos no Fórum Potiguar de Economia Solidária pela contribuição que tem sido dada no apoio e articulação das políticas públicas para os EES. Por isso, defendemos que haja uma participação efetiva da Rede de Gestores nas reuniões mensais do Fórum Potiguar de Economia Solidária que por sua vez, indicam os representantes para compor as estruturas estadual e nacional do fórum e da Rede Nacional de Gestores. Diante disso, afirmamos os nossos compromissos de:
Fortalecer a cultura popular solidária como alternativa de superação da cultura capitalista dominante.
Fortalecer a economia solidária no Rio Grande do Norte através da organização de 05 grupos de trabalho (Formação, Comercialização, Juventude, Mulheres e Finanças Solidárias), com intuito de ampliar a organicidade e empoderamento político dos empreendimentos econômicos solidários e disseminação do conceito de economia solidária.
Combater a exploração e divisão sexual do trabalho, contribuindo com a valorização e reconhecimento da participação das mulheres para o desenvolvimento da economia solidária na construção de novos valores baseados no respeito, na solidariedade e na igualdade entre mulheres e homens.
Por fim, reiteramos a nossa luta em defesa da vida, por justiça social e pela construção de sociedade, baseada na sustentabilidade, nas experiências agroecológicas, no desenvolvimento do consumo responsável, sem exploração, opressão ou discriminação de qualquer tipo. Reafirmar a bandeira de defesa da autonomia do território do Apodí, pela valorização da agricultura familiar no combate ao agronegócio e ao capitalismo verde.
Comprometemos-nos a desenvolver a Campanha pela Criação do Fundo Estadual de Economia Solidária, através da mobilização das organizações e grupos associativos com a coleta de 1000 assinaturas, assim como continuar animando e mobilizando a coleta de assinaturas para Campanha pela Lei Geral da Economia Solidária.
Natal, 25 de agosto de 2012
Militantes da Economia Solidária do Rio Grande do Norte
Acesse a carta em: http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=1618&Itemid=99999999