Fonte: www.sites.marista.edu.br

Na manhã dessa terça-feira (19) a tenda 14 da Cúpula dos Povos foi movimentada pela discussão promovida pela economia solidária. O tema do debate foi “Desenvolvimento Sustentável e Solidário nos Territórios: Estratégia de outra Economia” e foi ministrado pelo professor Paul Singer, secretário Nacional de Economia Solidária, e pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, professor da Universidade de Coimbra. Aproximadamente 800 pessoas compareceram para prestigiar o debate entre os dois pesquisadores, a maioria composta por jovens que já conhecem a economia solidária e suas práticas.

O objetivo da atividade autogestionada foi promover um espaço de reflexão colocando a economia solidária como protagonista no momento econômico atual. Em outras palavras, foi para apresentar a economia solidária como alternativa para um modelo de desenvolvimento justo, solidário e sustentável para a América Latina e, ainda, debater pautas e agendas comuns nesta construção. A condução da atividade foi feita por Luis Eduardo Salcedo, representante da Ripess Lac (Rede Intercontinental de Promoção da Economia Social e solidária na América Latina e Caribe) e Diogo Rego, representando o FBES (Fórum Brasileiro de Economia Solidária).

Ambos convidados se mostraram céticos com relação aos compromissos que serão firmados pelos chefes de estado que participarão da Rio + 20, enfatizaram que somente as iniciativas populares, ressaltando a economia solidária, serão modelos para alternativas reais de enfretamento do modelo capitalista de desenvolvimento. “Neste espaço observamos diversas diferenças entre todos, mas temos que aproveitar as diferenças para aprender mais. A economia solidária é isso: uma prática de democracia e ela que nos une nas diferenças”, afirmou Singer no início de sua fala.

Singer agradeceu o convite para participar da atividade e se disse feliz com a oportunidade de estar entre os jovens, sempre entusiasmado. Em seguida, Boaventura deu continuidade a pequena palestra tratando da crise do capitalismo e ressaltado a economia solidária como estratégia de saída do modelo predominante. “A economia solidária não pode mais ser o apêndice do capitalismo e sim o futuro. Ela chega onde o capitalismo não quer entrar e não nenhuma razão para ela não ser uma estratégia e aplicada em escala, basta apenas uma decisão política. A economia solidária vai ser a economia de transição, pois sabe muito bem fazer o deslocamento entre produção e consumo”, afirmou o sociólogo.

Para o professor Singer, na Rio+20, os governantes não vão mudar seus sistemas econômicos pautados pelo neoliberalismo. “Quando esse encontro acabar, vamos continuar essa rede pela internet , uma dádiva divina, não de Deus, que nos foi dada pelos jovens que estão promovendo uma revolução pacífica que não almeja ao poder e, sim, a igualdade e democracia para todos”, disse. Finalizando, Boaventura fez réplicas a perguntas e colocações apresentadas pela plateia. “A economia solidária trabalha com a escala humana e tem outra relação com o meio ambiente, com a sociedade. Mas os movimentos de Economia Solidária têm dificuldade de se articular com outros movimentos sociais brasileiros. Por isso, para ser um movimento vitorioso, a articulação com todos os movimentos sociais é fundamental”, finalizou Boaventura.

A atividade foi organizada pelo FBES, Ripess Lac e Secretariado da Cáritas Latino Americano e Caribe (Sellac).