Por Daniela Chiaretti | De São Paulo
Os Estados Unidos parecem querer um resultado aguado da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Esta foi a sinalização da primeira intervenção dos negociadores americanos na reunião informal que acontece esta semana em Nova York e discute a versão zero de “O Futuro que Queremos”, o documento mais importante que deve sair da Rio+20, em junho.
O texto atual tem 19 páginas e 128 artigos. Seu tamanho tem sido considerado bom, mas o conteúdo foi avaliado como vago e fraco por ambientalistas, empresários e governos. A maioria das intervenções dos delegados reunidos em NY pediu mais força e ambição no que o texto propõe e que aponta para a economia verde e o desenvolvimento econômico sustentável.
Os EUA foram a nota destoante. “Precisamos de um documento curto, conciso e escrito em linguagem que seja compreensível para o público em geral” disse em plenária Lawrence J. Gumbiner, do Departamento de Estado dos EUA. Ele não mencionou meta alguma, disse que o debate sobre transferência de tecnologia tem que ser revisto na Rio+20 e incluir “forte proteção aos direitos de propriedade intelectual”. Concluiu dizendo que o “Cadastro de Compromissos” que a Rio+20 irá produzir é um dos “componentes essenciais para o sucesso” da conferência.
“O tom preponderante aqui é de que o documento precisa ser mais ambicioso e propositivo”, conta Aron Belinky, integrante do comitê facilitador da sociedade civil para a Rio+20, que está em NY. “Mas os EUA destoaram ao pedir um documento final extremamente sintético e acompanhado apenas por compromissos voluntários dos países.”
Os países em desenvolvimento reunidos no G-77 mais a China falaram que falta ao texto “visão, ambição, equilíbrio e ação”. O embaixador brasileiro André Corrêa do Lago mencionou a necessidade de a Rio+20 ter metas de desenvolvimento sustentável (SDGs, na sigla em inglês), maneiras de medir este desempenho e um Conselho de Desenvolvimento Sustentável forte dentro da ONU.