Por Lorena Aquino*
Cabrobó fica no sertão, às margens do trecho do São Francisco que passa por Pernambuco. De clima semi-árido, os moradores utilizam-se do rio para sustentar as cooperativas de produção agropecuária e associações de rizicultores. Mas os grandes projetos no mesmo Rio São Francisco, como a transposição, dificultam a vida dos índios Truká, que vêem seus territórios submetidos à violência das obras.
Diagnósticos como esse agora podem ser encontrados numa única plataforma. Os mapas da economia solidária e da injustiça ambiental, antes dispostos em diferentes sites, agora estão agregados no Intermapas, uma ferramenta online que permite juntar diferentes informações num só lugar. Nesse projeto ainda estão incluídos os mapas de projetos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de iniciativas de agroecologia.
Informações que não se destacam individualmente, quando postas em perspectiva, podem dar subsídios para o fortalecimento dos movimentos sociais, tais como os que lutam em defesa dos direitos de índios, quilombolas, populações tradicionais e ribeirinhas. O mapa da injustiça ambiental, por exemplo, destaca fatos relacionados ao direito à terra, à democracia, à cultura, entre outros. Ao reunir essas denúncias com as informações das outras iniciativas envolvidas, o Intermapas facilita a construção de estratégias de reivindicações com uma visão mais clara das ações que cada um dos mapas exibe. Dessa forma, todos podem fazer uso consciente do site.
Daniel Tygel, um dos idealizadores do Intermapas, conta que o processo de montagem foi simples. “Havia os vários mapas diferenciados e cada um tinha características específicas. Então pensamos: e se a gente tentar ter uma visão integrada do mesmo território?” A partir de então, sair do papel foi um processo rápido. A capacidade de interrelacionar os mapas era latente.
O Intermapas foi um dos desdobramentos do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências, realizado nos dias 26 a 29 de setembro de 2011, em Salvador. Estiveram reunidos os vários movimentos para discutir formas de relacioná-los. O desenvolvimento técnico do projeto foi apoiado pelo Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e pela Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA).
Consulte o Intermapas aqui: www.fbes.org.br/intermapas
* em 25/11/2011 para a Revista Coletiva