Por Nanda Barreto*

Termina neste sábado (10 ) a 13ª Feira de Economia Solidária do Rio Grande do Sul. O evento ocorre desde o dia 28 de novembro no Largo Glênio Peres – no centro da capital gaúcha – e é uma ótima oportunidade para comprar os tradicionais presentes natalinos. Tem de tudo um pouco: são 69 estandes de artesanato, 14 da agricultura familiar e três de alimentação urbana. A oferta vai desde artigos de cama, mesa e banho até roupas e acessórios, passando por queijo, cachaça e vinho da colônia.

Artesã “desde sempre”, Matilde Freitas (à esquerda, na foto) trabalhou a vida inteira sozinha até conhecer a economia solidária, há dois anos. “É um jeito muito bom de produzir, que é coletivo e abre portas. Aos 59 anos, com toda a experiência que eu tenho, esta é recém a segunda feira grande que eu participo”, comenta a artesã “conectada”, que usa blog, Twitter, Facebook e Orkut para divulgar o que produz.

Matilde integra o Fórum de Economia Solidária de Viamão (na Grande Porto Alegre) e é reconhecida por sua “interatividade” entre colegas, que se revezam com ela no estande. “Ela recebe as coisas por e-mail, fica por dentro de tudo que acontece na internet e depois conta para gente”, comenta uma das expositoras.

Aliás, vale destacar que não é necessário fazer cálculos: as mulheres são maioria absoluta na Feira. “Aqui os homens são ajudantes. Nós trabalhamos bem com eles, mas dá para ver que quem está tocando as coisas é a mulherada”, ressalta a pioneira Teresinha Hidalgo (foto), cozinheira “de forno e fogão desde os 10 anos de idade” que vende quitutes desde a primeira edição da Feira. Além de esbanjar simpatia, dona Teresinha tem a “mão cheia” – e eu recomendo vivamente a empadinha de legumes dela =).

Os fãs de carteirinha da Justa Trama (como eu) também podem se esbaldar na Feira. O estande da cadeia ecológica de algodão solidário está de encher os olhos. Edleuza Maria de Oliveira (foto) integra a Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens) – sede da marca em Poa – e se orgulha do trabalho que faz. “Eu vim do Mato Grosso do Sul e conheci a Justa Trama aqui. O nome da nossa cooperativa já diz tudo, né?”, indaga a costureira.

Impossível dizer que não: desde o cultivo, até a venda do produto final, mais de 700 homens e mulheres trabalham na rede da Justa Trama, que combina geração de renda com sustentabilidade. São agricultores, coletores de sementes, fiadoras, tecelãs e costureiras que cobrem todos os elos da indústria têxtil.

Trabalho coletivo, lucro compartilhado

As festas de final de ano sempre abrem precedentes para atitudes altruístas. Na minha avaliação, esta é realmente uma época de balanços e perspectivas, propícia à reflexão sobre vários aspectos da vida – especialmente no que diz respeito aos nossos padrões de consumo e desafios coletivos para a construção de um mundo melhor.

Então, a minha dica é: neste Natal, adquira produtos da economia solidária. Um dos principais diferenciais deste modelo em relação à economia de mercado é que ela não estimula a competitividade e é centrada na valorização do ser humano. As formas de organização mais comuns desse tipo de economia são cooperativas, associações, empreendimentos e agricultura de base familiar.

* Publicado no site: http://transitivaedireta.blogspot.com/2011/12/termina-neste-sabado-10-13-feira-de.html