Por Camila Queiroz*
De 18 a 21 de outubro, a cidade de Fortaleza (Ceará), recebeu o Seminário Internacional de Economia Solidária, com participantes da América Latina, Europa e África. O objetivo foi aprofundar a compreensão acerca da Economia Solidária, trocar ideias sobre concepções e práticas e ainda formular análise sobre as políticas públicas na área.
Realizado no marco do programa Fundo de Apoio e Desenvolvimento das Organizações Comunitárias (Fadoc), o evento foi coordenado por Instituto Florestan Fernandes, Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Ceará, Equipe Técnica de Assessoria e Ação Social (Etapas) e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase).
De acordo com a coordenadora do Instituto Florestan Fernandes, Jacinta Aguiar, o intercâmbio promovido com o seminário visa fortalecer as experiências nos outros países, debatendo desafios e expectativas com relação à Economia Solidária.
Ela cita os diversos panoramas do setor. “Na África, já tem um trabalho para desenvolver a Economia Solidária, mas ainda muito inicial, com muita dificuldade, principalmente na formação. Diferente do caso da Europa, principalmente na Bélgica, onde já existe um longo trabalho que está possibilitando maior desenvolvimento”, comenta.
De modo geral, Jacinta avalia que as dificuldades fundamentais são falta de políticas públicas; carência de financiamento voltado para grupos e ONGs que trabalham com Economia Solidária; divulgação do que é a Economia Solidária e também a frágil distribuição dos produtos.
Entre os temas a serem debatidos durante o seminário, a coordenadora destacou comercialização e finanças, bancos comunitários e comercialização nas feiras. Além disso, a questão da soberania alimentar, presente na produção solidária. “A Economia Solidária não usa agrotóxicos, queremos uma alimentação saudável e nos preocupamos com o meio ambiente”, ressalta.
Programação
A abertura do seminário ocorrerá às 16h de hoje e está a cargo da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), da Rede Cearense de Socioeconomia Solidária, das Frentes Parlamentares de Economia Solidária além de outras organizações e participantes internacionais. Neste primeiro momento, a ideia é tecer uma análise acerca da conjuntura e políticas públicas do setor no Brasil e na Europa.
Já no segundo dia de evento, durante a manhã, os participantes terão o painel Comercialização e Finanças Solidárias. Pela tarde, a programação segue com oficinas temáticas, focadas em bancos comunitários e moeda social (com Sandra Magalhães, do Banco Palmas); turismo solidário (com Maria Estrela, do Ateliê mar, e Marly Scharer, da Prainha Canto Verde, Beberibe); e comercialização nas feiras (com Maria da Glória, da Cáritas Regional).
A quinta-feira (20) será dedicada ao intercâmbio, a começar pelo painel Experiências de Desenvolvimento Local e Soberania Alimentar, com a presença de moradores de Guiné Bissau e de integrantes do MST, durante a manhã. A troca de vivências se estende pela tarde, quando haverá apresentação sobre a festa da Carnaúba, a Feira Cultural do Tapeba (etnia indígena do Ceará) e Jogos Indígenas.
A manhã do último dia será marcada por mais oficinas temáticas – fundos rotativos, com Olivia Mende (ONG Citi Habitat); certificação da produção, com Neneide Viana (Rede Xique Xique); comercialização e consumo, com Cilene Sousa (Associação de Mulheres Dendê Sol); e comércio justo, com Victória Régia (Instituto Marista de Solidariedade).
Para encerrar o seminário, pela tarde, haverá o painel Economia Solidária Feminista, seguido de plenária final sobre os desafios e perspectivas da Economia Solidária.
O Seminário Internacional de Economia Solidáriaocorre no Hotel Amuarama, localizado na avenida Deputado Oswaldo Studart, 888, bairro de Fátima, próximo à Rodoviária.
* Jornalista da ADITAL