Por Camila Queiroz*

Troca de experiências, visitas a bancos comunitários e exposição de conhecimentos técnicos compuseram a programação do II Encontro de Formação dos Trabalhadores dos Bancos Comunitários, que ocorreu na cidade de São Paulo, entre os dias 22 a 26 de agosto.

Realizado pelo Núcleo de Economia Solidária (Nesol) da Universidade de São Paulo (USP), pela associação Ateliê de Ideias e pela Rede Brasileira de Bancos Comunitários, o evento é parte do Programa Nacional de Bancos Comunitários da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), que é coordenado nacionalmente pelo Instituto Palmas e visa à criação de novos bancos comunitários

De acordo com o coordenador de projetos do Nesol, Diogo Jamra, participaram do Encontro 40 representantes de dez dos 11 bancos comunitários da região Sudeste.

Ele conta que o evento se dedicou a pensar os bancos como estratégia de desenvolvimento territorial endógena e também como o crédito pode ser instrumento de desenvolvimento comunitário.

Outro ponto abordado voltou-se para a questão mais técnica dos bancos comunitários, com exposições sobre gestão de carteiras de crédito. “Apresentamos noções técnicas da gestão, planilhas, simulação de empréstimo, construção de políticas”, disse.

Ainda no tema da gestão de um banco comunitário, os participantes trataram do papel do agente de microcrédito que, segundo Diogo, tem bastante importância pela proximidade desse trabalhador com a comunidade e pelo olhar que ele vai lançar sobre a comunidade para subsidiar a aprovação do crédito.

No tocante à tecnologia, os participantes tiveram palestra com empresa indiana de desenvolvimento de software. Um profissional indiano está em contato com bancos comunitários para desenvolver software especial para as atividades.

“Como cada banco comunitário é autogerido, os softwares tradicionais têm muitas limitações. Então, a Rede, lembrando que a Índia é experiência pioneira em microcrédito, fez essa parceria para construir um software simples, com grandes habilidades e que as pessoas das comunidades possam operar”, esclareceu o coordenador.

Também como parte da programação, houve visita aos cinco bancos comunitários de São Paulo – Apuanã, Autogestão, Paulo Freire, União Sampaio e Vitalina. “Esses momentos são importantes no processo de fortalecimento de identidade, de reconhecimento, e a gente realiza as visitas em cada encontro”, afirmou.

A partir do Encontro, que Diogo avalia como “muito positivo” para qualificação técnica e fortalecimento da Rede de Bancos, devem ser criados espaços periódicos para troca de experiências.

Além disso, o coordenador aponta a necessidade de se criar um movimento para exigir política pública para os bancos comunitários. “Estamos falando de acesso à direito financeiro. Há um movimento de comunidades se organizando para conseguir se inserir economicamente de outra maneira, por meio da Economia Solidária, dos bancos comunitários, e o Estado tem de apoiar isso”, enfatiza.

A primeira edição do Encontro ocorreu em maio, no Espírito Santo. O próximo está prevista para novembro, no Rio de Janeiro.

Novos bancos comunitários

O Programa Nacional de Bancos Comunitários, promovido em todas as regiões brasileiras, prevê a criação de mais 25 bancos comunitários no Sudeste, até 2012. Segundo Diogo, no curto período após o II Encontro de Formação dos Trabalhadores dos Bancos Comunitários já foram criados três, todos no estado do Rio de Janeiro.

As matérias sobre Finanças Solidárias são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

* Jornalista da ADITAL