Relato de Fernando Cesar Pires Baptista (baptista_f@yahoo.com.br)

Quero compartilhar com vocês uma vivência muito interessante que estou tendo na Venezuela. Estou visitando uma rede de cooperativas chamada CECOSESOLA (http://www.cecosesola.org), que atua no extremo da participação, da auto-gestão e da solidariedade – o que segundo eles é a expressão máxima da “vida” em si (eles se inspiram nas ideias de Humberto Maturana).

É um conglomerado de atividades econômicas que agrega mais de 50 cooperativas e cerca de 1.000 sócios-trabalhadores (além de 20.000 associados mais)… atuam em agricultura, processamento industrial, vendas em varejo, crédito, saúde (eles construíram um hospital!!), educação, transporte, serviço funerário, entre outros… e faturam cerca de U$ 100 milhões por ano. Eles vivem e exercem suas atividades em áreas pobres e de exclusão social.

Na CECOSESOLA, eles não têm cargos, rotacionam as atividades e atuam em rede, têm salários muito parecidos e acima da média (com exceção dos médicos, que ganham mais), normalmente vendem seus produtos abaixo do preço de mercado (dizem que o que vale para os associados deve valer para os de fora também), e decidem tudo através de diálogo e consenso em múltiplas reuniões em cascata e interpostas, nas quais a auto-reflexão é um ponto chave (eles fazem votações só em casos extremos). É uma experiência completamente vivencial e espontânea, que não tem nada a ver com o governo. Diria que é um processo coletivo de ação concreta e aprendizado mútuo no mínimo impressionante.

O que é muito interessante também é que a CECOSESOLA pensa e atua de maneira bastante parecida com as cooperativas de jovens com as quais trabalhei na África (http://baptistaf.wordpress.com).