Fonte: Arroyo J.Cláudio (arroyojc@hotmail.com)

No dia 27 de maio de 2011, realizou-se a quarta reunião do Conselho Gestor (CG) do Programa de Integração Socioeconômica dos Catadores de Materiais Recicláveis (BR-M1057) – CATA AÇÃO, às 19h, na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle, localizada à Rua São Domingos 5411, no bairro Terra Firme – CEP 66077-650. Participaram representantes das seguintes entidades: Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Terra Firme – CONCAVES; Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), Fórum Paraense de Economia Solidária (FPES), Instituto Saber Ser Amazônia Ribeirinha (ISSAR), Instituto Vitória Régia, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); além de jovens colaboradores que participaram da aplicação dos questionários para elaboração do Diagnóstico Cata-Ação/Terra Firme e moradores do bairro. As comunidades da Paróquia São Domingos de Gusmão justificaram sua ausência devido na mesma data ocorrer uma festividade religiosa no bairro. A Eletronorte, Universidade Popular (UNIPOP) e o Programa Brasil Local também justificaram ausência.

A reunião foi pautado pela visita de avaliação de meio-termo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), acompanhado pela executora nacional do projeto Fundação AVINA. O objeto da avaliação foi o processo de gestão do Cata Ação na cidade Belém, bairro da Terra Firme. Logo, o CG foi convidado a se manifestar a fim de ser escutado sobre os encaminhamentos dados ao projeto.

Iniciou-se a reunião com as considerações da coordenadora nacional do Programa Cata Ação, Fernanda Ferreira, que primeiramente agradeceu a presença das entidades citadas acima e explicou o objetivo do encontro, apresentando em seguida o senhor Marcus Vinicius Villarim, consultor do BID para a avaliação de meio-termo do Cata Ação. Em seguida Fernanda propôs que as entidades manifestassem suas avaliações individuais sobre o Cata Ação, mas, antes, o senhor João Claudio Tupinambá Arroyo, coordenador executivo do Cata Ação em Belém, explanou sobre o propósito da criação do Conselho Gestor, enfatizando que a formação do CG busca a articulação entre as entidades locais no intuito de consolidar uma rede de trabalho cooperativo para o Cata Ação e demais projetos que surjam em parceria.

Em seguida a professora Cintia Cardoso, representante da reitoria da UFRA, se colocou no sentindo de informar que a universidade pretende implantar em seu campus um projeto de coleta seletiva alternado entre as cooperativas de catadores de materiais recicláveis, no qual a CONCAVES seria a primeira beneficiada. Na mesma perspectiva a professora Cintia expôs as pretensões da UFRA em sensibilizar a comunidade adjacente da instituição a praticar a coleta seletiva de resíduos sólidos, sendo que a universidade já configura projetos para a educação ambiental dos moradores. Nesse sentindo, cogitou-se uma possível parceria entre o Cata Ação e a UFRA, ficando acertado para breve um diálogo entre Cintia e Arroyo na perspectiva de firmar tal sociedade. Arroyo, ainda colocou que o ISSAR, ONG que gerencia o Cata Ação em Belém, já articula com a Universidade Federal do Pará (UFPA) um projeto de sustentabilidade ambiental, o chamado “Construindo uma cidade solidária e sustentável”, que prevê para o campus universitário um sistema de coleta seletiva, além da geração de uma cadeia econômica interna a partir da reciclagem.

Em seguida, a professora Betânia Fidalgo, diretora do ISSAR, contribui ressaltando a importância do diagnóstico do bairro Terra Firme elaborado na primeira fase do Cata Ação, o qual poderia ser disponibilizado à UFRA, já que nele existe uma riqueza de informações sobre o bairro que podem ser trabalhados em diversos projetos sociais.

Durante o encontro foi destacado por Jonas de Jesus, representante da CONCAVES; Ivo Almeida, morador; Betânia Fidalgo e pelo representante do FAOR, Carlos César; a necessidade de estabelecer mecanismos de diálogo com a comunidade sobre os objetivos do Cata Ação, pois há certa limitação na participação dos moradores do bairro que pode advir de problemas de comunicação, por isso, há a ansiedade em estabelecer mecanismos de comunicação entre a gerência do programa, os catadores e os moradores da Terra Firme. Na oportunidade o senhor Carlos Cezar, representante do FAOR, sugeriu a criação de um classificado gratuito dos empreendimentos do bairro, no qual também constaria informes sobre o projeto e programações de mesma temática, ou seja, fazer campanhas sociais a partir de um serviço de utilidade aos moradores.

Em seguida Jonas de Jesus lembrou que no próximo dia 7 de junho comemora-se no Brasil o dia do catador. Ele ainda comentou sobre as precárias condições na coleta do lixo da cidade de Belém, que é a 3ª capital mais suja do país, o que poderia se justificar, segundo o mesmo, por um oligopólio de empresas que fazem a coleta de lixo, o descarregam no Lixão do Aurá e que tem por única preocupação a rentabilidade do negócio, já que não providenciam qualquer solução sustentável para os resíduos sólidos e tampouco incentivam a reciclagem.

Nessa perspectiva, a representante do FPES, Gercina Araújo, observou a necessidade de o ISSAR, como gestor do Cata Ação, e o FPES se articularem com o objetivo de realizar oficinas de educação ambiental. Na oportunidade o senhor Alex Keuffer, representante do Instituto Vitória Régia, citou que a entidade que representa, já assume algumas ações no sentido de educar para um mundo sustentável. Alex ainda propôs com convicção que se deve “partir pra briga”, pois já existem leis e legislações que incentivam a gestão de resíduos sólidos no Brasil; Fala enriquecida com a contribuição de Marcus Villarim.

Ainda com a posse da fala, Marcus Villarim se pronunciou sobre o objetivo do encontro, que visa uma avaliação regional do Cata Ação, na perspectiva de destacar as particularidades de cada território, assim, promovendo um tratamento diferenciado atento às peculiaridades de cada território e repriorizando os objetivos da 2ª etapa; inclusive aprimorando um sistema de compartilhamento de informação para o projeto, no qual poderia constar, de acordo com Marcus, um sistema de rádio comunitária para a educação ambiental.

Na ocasião, o senhor Fernando Franco, representante da ONG Doe Seu Lixo, registrou que Belém é noticiada na imprensa por problemas de gestão de resíduos sólidos desde o século XVIII e que a problemática perdura por muitas vezes não haver quem disponibilize projetos para gerenciamento do Lixo e incentivo à reciclagem. Por isso, segundo ele, é preciso capacitar pessoas para a responsabilidade de construir a sustentabilidade ambiental.

Ao final da reunião Margarete dos Santos, moradora e ex-agente da coleta de dados para elaboração do diagnóstico, indagou se o projeto ainda oportunizaria a juventude do bairro. O coordenador do projeto, Arroyo, relembrou o intuito de se criar um fórum dos jovens do Cata Ação, que é uma possível rede de articulação e trabalho do projeto. Por fim, Arroyo externou que o Cata Ação é um aprendizado também como gestão democrática, um projeto para ser tecido em rede e por isso a importância de as entidades locais se reunirem como Conselho Gestor do Cata Ação.

As considerações do encontro anotadas por Marcus Villarim e por Fernanda Ferreira serão repassadas ao Conselho Gestor Nacional do Programa Cata-Ação, que decidirá sobre os próximos passos do programa no território nacional.

É o relato, feito por mim, Cellayne Brito, secretária executiva do ISSAR, em 30 de maio de 2011.