Por Camila Queiroz (Adital)

Iniciativa cidadã criada em 2002, o Parque de Tecnologia Social Brasil, localizado em Curitiba, deverá implantar seu mais novo empreendimento: uma cooperativa de crédito, a Neurocoop, até junho deste ano. A moeda social Neuro já foi regulamentada pelo Banco Central.

A Neurocoop desempenhará papel fundamental para garantir a operacionalização de todos os projetos do Parque e representa uma solução ética para os que constituem a organização. “Não solicitamos nem aceitamos recursos monetários de terceiros e dizemos ‘sem captação de Real, Dólar ou Euro’, por uma questão ética. Resolvemos, então, implantar nossa moeda, cujo nome faz uma referência a ‘neurônio’, à inteligência que gera valores monetários e não-monetários nos diferentes sistemas econômicos”, declara o diretor presidente do Parque, Lutero Couto.

A cooperativa deverá ser localizada em Curitiba, em parte das instalações do Edifício Teixeira Soares, antiga sede da Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA), junto ao Centro de Referência em Tecnologias Sociais e Economia Solidária. Para isto, o Parque está em negociação com a Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

“Geralmente, nós captávamos recursos através de editais. Agora, com a Neurocoop, em fase de implantação, devemos conseguir assegurar o melhor funcionamento dos projetos”, acrescenta Lutero.

Com foco na ação transformadora com base na própria comunidade envolvida, Lutero Couto explica que a Tecnologia Social busca privilegiar o conhecimento vindo não apenas da Academia, mas da sociedade, com o seu saber/fazer. “A ideia é que seja uma ferramenta de inclusão a partir do conhecimento”, afirma.

O Parque de Tecnologia Social atua a partir de quatro unidades operacionais: o Observatório Brasil, unidade que propicia a reflexão antes de propriamente intervir numa realidade; a Incubadora de Tecnologia Social, que apoia iniciativas e capacita para gerenciamento, administração e arranjo do empreendimento; Rede Pública de Fomento, parceria com estado (nas esferas municipal, estadual e federal), agências da ONU, bem como a indústria e o 3° setor; e captação financeira.

E são muitos os planos do Parque de Tecnologia Social. Em 2011, um mercado de orgânicos e uma central de distribuição serão implantados em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em parceria com a Prefeitura municipal e o governo do estado. O local, segundo Lutero, favorece uma logística solidária, por estar bem próximo ao Aeroporto Internacional Afonso Pena; a central de distribuição também utilizará os serviços dos Correios, com pequenos volumes para comercialização. “Esse é o primeiro passo para o Arranjo Produtivo Solidário no Brasil”, comemora.

O Parque organiza a Feira Orgânica, experiência que acontece desde 2008, anualmente, e implantou o Condomínio Rural e Consórcio de Exportação – Griffe Orgânica, com o apoio do Sebrae, onde se reúnem produtores, associações, cooperativas e agroindústria, totalizando 15 associados, desde o ano passado. Como o foco da Griffe é democratizar o consumo de orgânicos, o condomínio rural criou a rastreabilidade da cadeia produtiva, que permite identificar origem, transporte, processamento e consumo do alimento, minimizando intermediários e favorecendo o contato entre produtor e consumidor. O Centro de Difusão de Tecnologia Social possibilita a adaptação da solução de rastreabilidade a outros produtos.

Relacionado ao meio ambiente, há ainda o projeto Doutor Recicláudio, de coleta seletiva de lixo hospitalar, implantado em um grande hospital de Curitiba, também podendo ser adaptado a outros hospitais, clínicas veterinárias e laboratórios de análises clínicas. A receita gerada pela venda do lixo coletado (não contaminado) é revertida em favor da própria instituição.

Para conhecer mais o trabalho do Parque de Tecnologia Social, você pode acessar o site http://ptsbrasil.org.br e o site da Feira Orgânica: www.organicabrasil.org