Por Secretaria Executiva do FBES

Em Audiência na última sexta-feira (25) com a subsecretaria de Articulação Institucional e Ações Temáticas da Secretaria Especial de Política para Mulheres – SEPM, Angélica Fernandes, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES apresentou as reivindicações do movimento de economia solidária.

Dentre os saldos positivos da reunião está a possibilidade de se criar uma parceria entre a SEPM e FBES. A Secretaria de Mulheres se comprometeu em fazer um aporte financeiro para garantir a participação de mulheres de empreendimentos no “Encontro de Diálogos e Convergências”, evento e proposta organizada entre diversas redes e movimentos sociais, dentre elas o movimento de mulheres e o FBES, previsto para acontecer em meados de maio.

Além disso, subsecretaria Angélica Fernandes insistiu para que as membras do movimento de economia solidária participem ativamente do processo das Conferências Temáticas, preparatórias à Conferência Nacional de Mulheres que ocorrerá ao fim deste ano. E ainda, convidaram o FBES a compor o Gt de Gênero da SEPM.

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As representantes do FBES destacaram a relevância das questões de gênero na Economia Solidária, já que a maioria dos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) são composto por mulheres, além disso, os Fóruns Estaduais de Economia Solidária têm massiva presença de mulheres, e muitas destas estão nos quadros de liderança. Dentre as razões para a presença massiva de mulheres nos EES é devido a consequência história da divisão sexual do trabalho, e neste contexto, a economia solidária é uma alternativa para uma parte dos excluídos do mundo do trabalho formal.

“Um dos princípios gerais da Economia Solidária é o reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade”, completou Márcia Lima.

A Coordenadora geral de Programas e Ações de Trabalho, Eunice Moraes explicou um pouco do funcionamento da SEPM, que é um ministério meio cuja função é ser um grande articulador. Ela colocou ainda que à Subsecretaria de Articulação Institucional e Ações Temáticas compete formular políticas para as mulheres nas áreas de educação, trabalho e participação política e desenvolver e implementar programas e projetos temáticos em parceria com organizações não governamentais que visem à redução das desigualdades de gênero.

Neste sentido, a subsecretaria colocou que o foco da SEPM é autonomia econômica, financeira e politica. Ela explicou as dificuldades que existem na inserção de uma camada da população no mercado de trabalho formal: “todavia, por mais que invistamos em cursos e qualificações junto ao sistema “S” por exemplo, percebemos que há um grupo de mulheres cujo trabalho não é absorvido pelo mercado. Daí que entendemos importante aprofundar esse diálogo com a economia solidária.”

Conforme colocado pelas membras do FBES, a economia solidária para além de incluir esta camada dos excluídos do modelo econômico capitalista, ela aponta para construção de um modelo de desenvolvimento sustentável e justo socialmente.

“Se, por um lado, temos a dificuldade de entrar no mercado formal de trabalho, principalmente quando mais velhas e com baixa escolaridade; por outro lado, temos facilidade de nos organizarmos com outras mulheres, trabalharmos juntas em cooperação e solidariedade, respeitarmos a sustentabilidade, a diversidade e o desenvolvimento local.” Afirmou Francisca.

Partindo da afirmativa que a emancipação das mulheres passa primeiramente pelo econômico, as representantes do FBES colocaram a subsecretaria a necessidade de investimentos diretos nos empreendimentos econômicos e solidários composto por mulheres.

“Estamos aqui para reivindicar políticas públicas de economia solidária para os empreendimentos, que têm as mulheres como maioria. Hoje existem muitas linhas de investimentos na área de formação, mas encontramos enormes dificuldades de financiamento, tanto para infraestrutura como para assessoria técnica e esse é o ponto que impede muitas mulheres de conseguirem prover seu sustento e de seus filhos, mesmo se dedicando a um empreendimento”, esclareceu Francisca

Ao final, Angelica colocou que as mulheres devem ser protagonistas nesse momento em que a prioridade do governo Dilma é a Erradicação da Pobreza Extrema.

Além da subsecretaria, estiveram presentes na reunião, a Coordenadora Geral de Programas e Ações de Trabalho da SEPM, Eunice Moraes; Márcia Lima (região Norte) e Francisca Viana (região nordeste), representantes de empreendimentos na Coordenação Executiva do Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES, além de Renata Camargo e Adriana Queiroz da Secretaria Executiva do FBES.

Encontro de Diálogos e Convergências

O Encontro de Diálogos previsto para acontecer este ano em Salvador é promovido entre as redes Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Grupo de Trabalho de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), Rede Alerta contra o Deserto Verde (RADV), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB).

O objetivo deste encontro é apresentar experiências de denúncia, resistência e construção de alternativas ao modelo de desenvolvimento capitalista, baseadas nas proposições dos movimentos da Agroecologia, Economia Solidária, Saúde Coletiva, Justiça Ambiental, Soberania e Segurança Alimentar e Feminismo.

O intuito é promover o diálogo e a construção de convergências entre estas redes da sociedade civil brasileira capazes de realizar uma crítica ao modelo de desenvolvimento atualmente hegemônico, para a agricultura e o meio rural no Brasil.

Saiba mais do Encontro em: http://pratoslimpos.org.br/