Fonte: Rondonia Digital

O seminário “Projeto sitio ecológico”, ocorrido na noite de sexta-feira, 21/01, no auditório do Sebrae, em Porto Velho, reuniu chacareiros, produtores rurais e artesãos. Fizeram parte da mesa de discursos o secretário municipal de Agricultura, José Wildes, o presidente do sindicato dos trabalhadores da agricultura familiar de Porto Velho, Pedro Bordallo, a representante da Associação de Desenvolvimento da Agroecologia e Economia Solidária da Amazônia Ocidental – Ada Açaí –, Iluska Lobo Braga, e representando os produtores rurais e famílias chacareiras, seu Didi e o ecologista acreano Moisés Matias que vem difundindo por toda a Amazônia a proposta do sítio ecológico. O evento contou ainda com a participação da coordenadora de políticas públicas para as mulheres, Mara Regina.

Antes da apresentação do projeto, o secretário municipal de Agricultura, José Wildes, agradeceu a presença dos chacareiros, que em breve, segundo ele, serão os grandes beneficiados com o projeto. Wildes destacou a importância de ações que levam ao desenvolvimento da agricultura familiar, difusão da economia solidária e aproveitamento da terra de forma sustentável sem agressão ao meio ambiente. “Este projeto –sitio ecológico- visa exatamente isto e queremos apoiar o desenvolvimento dele em nossa região chacareira. Os sítios ecológicos, se tiverem o apoio necessário e as ferramentas adequadas, podem proporcionar renda familiar e a diminuição do êxodo rural. Se as famílias rurais puderem produzir seus próprios alimentos e criações, como também a partir da orientação adequada despertar para a cultura que podem desenvolver em sua área rural, permanecerão ali mesmo, tendo uma vida mais saudável, no lugar de origem, sem precisar ir para a cidade”, discursou o secretário. O presidente do sindicato dos trabalhadores da agricultura familiar de Porto Velho, Pedro Bordallo, parabenizou a iniciativa e o projeto que vem para incrementar ainda mais as atividades no campo.

A representante da Ada Açaí enfatizou que o sítio ecológico é uma ação que está sendo realizada em toda a Amazônia e que tem garantido o desenvolvimento da agroecologia e da economia solidária. “O Sitio ecológico é uma opção de desenvolvimento sustentável, traz uma vivência mais saudável e harmoniosa e ainda a preservação de plantas e árvores nativas”, disse.

O sítio Ecológico

O acreano Moisés Matias, que reside atualmente no estado do Maranhão, implantou há 10 anos seu primeiro sítio ecológico. Ele foi o palestrante convidado para falar sobre o projeto, que para ele, foi o melhor investimento que fez na vida. “O sitio ecológico nos ensina muitas coisas. Uma delas é a importância de cuidarmos melhor da nossa saúde. Eu era uma pessoa totalmente estressada e hoje tenho um lugar de muita paz, onde posso cultivar alimentos saudáveis, ter contato com a natureza, ter minhas pequenas criações, viver longe dos agrotóxicos e dos alimentos cheios de hormônios e conservantes. Quando você entende a importância de investir numa área, por menor que seja, e cuidar mais do que está a sua volta e começa a perceber o retorno que isto traz, você não quer mais parar. Então começa a cuidar das plantas, das arvores, incrementar ainda mais o lugar com outras espécies e criações, e daí por diante tem um espaço todo seu e que além da vida mais saudável, com o devido apoio pode levar benefícios a outras pessoas, como por exemplo, cultivando frutas e hortaliças sem agrotóxicos e permitindo que cheguem à mesa das comunidades próximas”, disse o ecologista.

Matias mostrou fotos e vídeos de seu sitio Panakui (panã= cesto. Kui= pequeno), em São Luiz. Esclareceu como iniciou o projeto, das pesquisas que realizou, das suas produções e do resultado. O ecologista que também é jornalista, relatou sobre as experiências de outros sítios ecológicos e da proposta para Porto Velho. Mostrou também os benefícios das pequenas indústrias e de que forma o poder público poderia participar do projeto. “Temos excelentes artesãos, cozinheiras, cultivadores, pessoas do campo que são verdadeiros artistas e profundos conhecedores da terra e do que ela pode produzir. O que falta é investimento para que estas pessoas possam incrementar as atividades que já realizam e que possam fazer tudo isso no local que escolheram para viver, que é o campo”, relatou Luís.

Implantação

A implantação de sítios ecológicos já vinha sendo discutido pela Semagric, segundo Wildes. “O projeto do sitio Pakanã, do ecologista, Moisés Matias, veio como reforço para iniciarmos o projeto. Estaremos trabalhando inicialmente com 30 famílias, estudando qual a melhor cultura a ser desenvolvida, se é a de hortaliças ou frutas, ou ainda criações, vamos desenvolver estudos para saber qual o melhor gado para a região, e levar as técnicas adequadas e dar o apoio necessário para que os sítios ecológicos também sejam uma realidade em Porto Velho”, destacou.

José Wildes falou ainda que a prefeitura já vem investindo em programas que tem a mesma finalidade, ‘dar condições ao homem do campo para permanecer no campo’ e que este será mais um. “Hoje temos o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (Prade), que beneficia 850 produtores rurais, com a recuperação de áreas tomadas pela capoeira, devido à falta de produção, e torna-as novamente produtivas, pois a prefeitura além de limpar o lugar, corrige o solo com o serviço de gradagem e incorporação do calcário. E ainda orienta sobre a melhor cultura para o local, por meio das equipes técnicas e dá o apoio para o escoamento, em parceria com as associações rurais. Temos também o Programa de Agroecologia Integrada e Sustentável – Pais- que incentiva o produtor rural a produzir alimentos sem agrotóxicos, realizando cursos de qualificação em horticultura e ainda incentivo a criação de agroindústrias, com doação de máquinas de arroz, despopadeira, casa de farinha e outras”, completou.

Os participantes foram convidados para um dia vivência, no sitio do seu Didi, na BR 364, sentindo Candeias do Jamari, um segundo momento do evento, para que os participantes pudessem sentir como será o projeto. Por: Meiry Santos