Por Thais Leitão, repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A pacificação do complexo de favelas do Alemão e da Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, além de aumentar a segurança nas comunidades, ampliou as possibilidades de quem deseja fazer negócios. De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário, Marcelo Henrique da Costa, desde a ocupação pelas forças policiais, 300 pequenos empreendedores locais já se formalizaram ou estão com o processo de legalização em andamento.
A prefeitura estima que existam na região aproximadamente 7 mil negócios de diversos ramos, dos quais 95% são informais.
De acordo com o secretário, com a saída do poder paralelo, o empreendedorismo encontra espaço para se consolidar. O conjunto de favelas está ocupado pelo Exército desde o fim de novembro. A área era dominada por uma facção criminosa responsável pelo tráfico de drogas.
“A violência, tanto do narcotráfico quanto das milícias, asfixia o empreendedorismo, a vontade de empreender e as possibilidades de fazê-lo. A partir do momento em que o território passa a fazer parte da cidade, várias situações começam a mudar. Algumas delas só serão sentidas daqui a alguns anos, mas outras já são percebidas de imediato e uma delas é a chegada de cursos de capacitação e a formalização de micro e pequenos empreendimentos”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.
Somente no fim de semana posterior à ocupação das favelas, quando a prefeitura levou à comunidade o Projeto Empresa Bacana, 111 empreendedores que trabalhavam na informalidade puderam se registrar gratuitamente para formalizar seus negócios, tornando-se microempreendedores individuais.
O secretário Marcelo Henrique da Costa destacou as vantagens para o empreendedor que legaliza seu negócio. “Quando isso acontece, o empreendedor passa a ter garantidos seus direitos trabalhistas, tem acesso ao crédito mais barato e pode ampliar seus negócios”, acrescentou.
Esses benefícios já estão sendo percebidos pela pequena empreendedora Clarice Eugênia, de 30 anos. Ela, que vende de porta em porta bijuterias e cosméticos às vizinhas, conseguiu formalizar seu negócio durante a visita do Empresa Bacana e agora espera reduzir os custos para comprar mercadorias e ampliar os lucros.
“Como estou formalizada, pude pedir uma máquina de cartão de crédito que, com certeza, vai me permitir aumentar o número de clientes. Hoje só posso vender a prazo para clientes cadastradas, com nome no meu caderninho. Além disso, como agora tenho CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica], vou poder comprar as mercadorias direto dos fabricantes e ter um custo pelo menos 50% menor”, contou ela, que já havia participado de cursos de capacitação em pequenos negócios do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na comunidade.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário informou, ainda, que estuda implantar no local um centro comercial para escoamento das mercadorias da economia popular.
Edição: Juliana Andrade