Fonte: Pedro Souza do Diario Grande ABC – Diadema

Os consumidores que passaram ontem pela Praça da Moça, em Diadema, tiveram a oportunidade de utilizar um novo sistema monetário social. A leste, moeda desenvolvida pela CRAS Leste (Centro de Referência de Assistência Social), disputou espaço com o real na Feira Regional de Economia Solidária.

O poder de compra da leste proporcionava situação inusitada. As pessoas levavam produtos, ou ofereciam seus serviços, para adquirir montante da moeda.

“Tem gente que, muitas vezes, não tem como gastar R$ 1. Então adquirindo a leste por troca, ela pode comprar outros produtos”, disse Francisca da Silva Bingo, que trabalhava em barraca de doces na feira representando a associação de economia solidária andreense.

E para atribuir valor à leste, o Banco Comunitário da feira emparelhou a moeda ao real. Portanto uma leste tinha o mesmo valor de R$ 1. “Mesmo assim, a pessoa troca aqui o seu produto, ou serviço, pelo valor que desejar. Mas como sabemos quanto custa aproximadamente as coisas no mercado em reais, negociamos os valores”, explicou a assistente social Jucileia Aparecida Nascimento, que coordena o Cras Leste.

Logo, a inflação na feira era nula. Não havia força de demanda ou oferta pela moeda. Os visitantes pediam cinco lestes pelo produto, mas poderiam pedir seis, ou quatro, e receber o valor.

O evento reuniu 65 empreendedores que representavam entidades sociais do Grande ABC. Entre as ofertas estavam alimentos, produtos de metalurgia, artesanato, roupas e objetos desenvolvidos com materiais recicláveis.

CRÉDITO – Nem todos os empreendedores aceitaram receber a leste como forma de pagamento. Isso porque havia limite para trocar a moeda por real. Quem aderiu à atitude solidária recebeu crédito de R$ 5 para vender os produtos por lestes. Então, ao fim do evento cada empreendedor teve a oportunidade de receber R$ 5 por cinco lestes do Banco Comunitário do Cras Leste. “Este microcrédito funcionou como estímulo para que as barraquinhas aceitassem a leste”, contou Jucileia.

O ecodesigner Sérgio Thom, que representou a AAAPD (Associação dos Artesãos e Artistas Plásticos de Diadema), concordou em receber lestes. “Como aspecto social é muito interessante. E depois a moeda tem qualidade, tem lastro”, afirmou.