Fonte: ES Hoje
Feira de economia solidária reuniu cerca de 17 empreendimentos de toda a região metropolitana em Vitória
Na dinâmica dos movimentos sociais, a economia solidária se apresenta como uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza centrada na valorização do ser humano e não no capital. Para impulsionar a comercialização de grupos de economia solidária da Grande Vitória, foi realizada no mês de agosto a 1° Feira de Economia Solidária no Território do Bem, em Vitória.
O Território do Bem engloba os bairros São Benedito, Consolação, Floresta, Jaburu, Itararé, Engenharia, da Penha e Bonfim (Poligonal 1, do Projeto Terra Mais Igual). Reuniu-se no local cerca de 17 empreendimentos de grupos solidários de artesanato, agricultura familiar, vestuário, artes. O evento foi uma parceria da Secretaria Municipal de Trabalho e Geração de Renda (Setger) da Prefeitura de Vitória com a Associação Ateliê de Idéias, Organização Não Governamental (ONG), que atua no bairro São Benedito, em Vitória, há mais de 20 anos.
Durante o evento, além da venda dos produtos, os chamados microemprendedores participaram de oficinas motivacionais, dinâmicas de grupo e clubes de trocas e rodas de conversa para discutir a economia solidária, os avanços, as perspectivas e o relato de experiências de cada participante. O evento aconteceu no campo de futebol do bairro Itararé, região da Grande Maruípe.
A empreendedora, Zilda Rodrigues Souza Ferreira, de 41 anos, relata que após entrar no grupo Bem Nutrir, sua renda familiar aumentou assim como sua auto-estima como profissional e mulher. Ela ajuda no sustento da casa com a venda de doces caseiros.
“Antes de começar a trabalhar com o Bem Nutrir era dona-de-casa. Hoje somos um grupo de seis mulheres, todas microempreendedoras individuais. Hoje tenho minha renda, agradeço a Deus por esta oportunidade. Além de aprender mais sobre um ofício, nós fazemos novas amizades, trocamos idéias e por compartilhar, nossa produção aumenta assim como nossa auto-estima”, relata Ferreira. Na feira, a microempreendedora estava comercializando doces nos sabores de maracujá, casadinhos e cebolinha, por R$20,00 o Kg e um pacote de 100 gramas a R$2,00.
O eletricista, Éder Franco, de 28 anos, também estava feliz com a oportunidade de poder divulgar o trabalho de sua mãe na feira. Ela, que é assistente social e também moradora de Itararé, confecciona quadros com materiais recicláveis como tecidos, gases e barbantes, além do MDF, um tipo de madeira ecologicamente correta. O quadro mais caro custa R$ 80,00 e o mais barato sai pelo valor de R$ 50,00.
Economia sustentável
A empreendedora, Maria Peixoto Ribeiro, do grupo solidário ‘Inventando Moda e Produzindo Artes’, na Barra do Jucu, em Vila Velha, também participou da feira. Ela diz que o espaço da economia solidária a fez acreditar que é possível trabalhar por conta própria e ter uma renda satisfatória. A empreendedora trabalha com materiais recicláveis na confecção de puffs, colares, bolsas e roupas.
“Já trabalhava com artesanato, mas a economia solidária foi um espaço em que aprendi a ter noção de valores, pois aqui tudo é dividido de forma igualitária. Faço minha renda sem precisar trabalhar para patrão. Tenho minha carga horária compatível com meu trabalho. E, antes de mais nada, é uma prova que pode-se ter um trabalho sem ter propriamente dinheiro. A auto estima e a satisfação pessoal elevam nosso pensamento de querer produzir mais com amor e qualidade”, afirmou Ribeiro.
Os produtos de Ribeiro podem ser encontrados a preços variados. Por unidade, o puff custa R$ 80,00, o colar de tiras de malha sai pelo valor de R$ 15,00. Sendo que a bolsa de tiras de lycra custa R$ 40,00(pequena) e R$60,00 (grande). “Trabalhar com reciclagem é uma satisfação. Só vem provar para a sociedade que o lixo pode virar luxo. Além de uma alternativa de trabalho e renda, ajudamos no meio ambiente sustentável”, finaliza.
Apoio do Poder Público. Além do artesanato e alimentos, a população pôde ainda encontrar na feira bordados, itens para casa e bijuterias. Além dos grupos produtivos ligados à Setger, os grupos de inclusão produtiva da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) também estavam presentes.
“Dentro do Fórum Estadual de Economia Solidária nós temos um grupo de trabalho voltado para a comercialização. Este fórum é composto por três figuras: o gestor público(prefeituras e governo), instituições de fomento representados pelas ongs que apóiam os empreendimentos como a Cáritas e o Marista. Além do principal, os empreendedores, responsáveis pelo comércio solidário”, explica a economista solidária, Angélica Carvalhaes de oliveira, que também trabalha no Projeto Terra.
O secretário municipal de trabalho e geração de Renda de Vitória, Domingos Sávio Gava, destaca: “Nossa atuação é no sentido de organizar e fortalecer os grupos produtivos na visão de economia solidária e não estritamente numa visão de mercado.”
De acordo com os organizadores, há expectativa de realização de duas feiras solidárias até o final do ano. Sendo que, já se estuda a possibilidade de datas fixas para o evento no ano de 2011. Grupos de produção solidária da Grande Vitória podem obter mais informações pelo telefone (27) 3382-6020.