Fonte: site do Forum Nacional de Reforma Agraria

“A opção dos governos federal e estadual pelo apoio aos grandes projetos, divulgados como geradores de desenvolvimento para o Maranhão, levaram o estado a ocupar o segundo lugar no ranking da miséria”

Nos dias 26 e 27 de julho de 2010, as entidades, pastorais sociais e movimentos do Maranhão, realizaram um seminário para debater os impactos dos grandes projetos e a importância da campanha pelo limite das grandes propriedades de terra.

Estiveram presentes no encontro lideranças de acampamentos, assentamentos e comunidades que estão sofrendo com a imposição criminosa dos grandes projetos, estudantes da Universidade Federal do Maranhão, presidentes de associações de trabalhadores rurais, posseiros, sem-terra, sindicalistas dentre outros.

Na mesa do seminário, composta por Fórum Carajás, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, MST, CPT-MA e União por Moradia Popular foi colocado que a opção do governo federal e das oligarquias pelo apoio aos grandes projetos divulgados como geradores de desenvolvimento para o Maranhão, levaram este estado rico em cultura e recursos naturais, a ocupar o segundo lugar no ranking da miséria. Só estamos atrás do estado de Alagoas. As grandes empresas protagonizam ataques às comunidades tradicionais, aos posseiros, sem-terras…

Dentre as empresas responsáveis por esses ataques estão a Vale do Rio Doce, Cargil, Bunge, Monsanto, as Guseiras, Empresa de OLS, Grupo João Santos, Costa Pinto Emprendimentos, TG Agro-Industrial, Grupo Maratá, Suzano, Agrosserra, Convap, Ceagro…

No Maranhão, segundo dados do senso 2006 do IBGE, 92% dos estabelecimentos pertencem à agricultura familiar, pois ocupam área de até 300 hectares. Apenas 8% fazem parte das grandes propriedades e curiosamente ocupam 66% da área de terras levantadas pelo IBGE no estado. Os dados do IBGE, também ajudaram a comprovar que a violência no campo decorre da falta de uma reforma agrária no Maranhão e da má vontade política, uma vez que, existem aproximadamente 10 milhões de hectares de terras devolutas no estado.

Na oportunidade, foi denunciada a violência do estado, através de seus órgãos do executivo, do judiciário e do legislativo, contra os homens e mulheres do campo. Por outro lado, relembram a importância da agricultura familiar, que no Maranhão produz 74% dos alimentos e é responsável por 86% das ocupações (trabalho) no campo.

Além da discussão acerca dos grandes projetos e da campanha pelo limite da propriedade da terra foi falado também sobre o Grito dos/as Excluídos/as deste ano, que tem como lema “Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas para construir um Projeto Popular”. Assim como nas experiências passadas (2000, 2002 e 2007), este ano Plebiscito Popular e Grito dos/as Excluídos/as não podem ser entendidos separadamente.

No dia 27 os trabalhadores tiveram uma audiência com o superintendente do INCRA-MA. Houve denúncia de envolvimento de funcionários do INCRA-MA no desvio de verbas públicas destinadas a construção de casas nos assentamentos. No início deste ano um trabalhador, presidente de uma associação de trabalhadores rurais foi assassinado por ter feito a denúncia do desvio do dinheiro destinado a construção de casas, segundo ele, tendo envolvimento da empresa contratada e de funcionários do INCRA-MA. Até o momento nada foi apurado. Além disto, foi negociada uma pauta de reivindicações dos trabalhadores rurais.

Ao final do encontro, foram distribuídos alguns materiais da campanha pelo limite da propriedade, coletadas assinaturas e os contatos de lideranças que serão referência nos diversos municípios para desenvolver a Campanha e o Grito dos/as Excluídos/as.