Fonte: Vania Marta Espeiorin da clic RBS

Emenda parlamentar de R$ 200 mil foi designada à reforma de um espaço para o segmento|

A possível perda de R$ 200 mil para a reforma de um centro público de economia solidária em Caxias do Sul preocupa alguns empreendedores dessa alternativa de geração de emprego e renda.

Os recursos foram destinados para Caxias na forma de emenda parlamentar sugerida pelo deputado federal Gilberto Pepe Vargas (PT). Para tentar recebê-los, entretanto, o município precisaria cadastrar uma proposta no sistema de convênios da União até final de setembro.

Como a prefeitura não apresentou projeto ainda, o vereador Rodrigo Beltrão (PT) cobrou agilidade, durante sessão na Câmara. O petista sugere à prefeitura usar o espaço da Secretaria de Obras, na Rua Visconde de Pelotas, para viabilizar o centro.

Só que o projeto que o município tem desde 2005 é para a construção de um espaço e, segundo o secretário municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego, Guilherme Sebben, o recurso designado por Pepe seria voltado a reformas. Por isso, Sebben já descarta o aproveitamento da emenda:

— Não posso cometer a irresponsabilidade de aplicar uma emenda num imóvel que não existe. É uma situação em que a gente fica até incomodado. Já falei com a assessoria do deputado Pepe e também com o vereador Beltrão. Tentei localizar um imóvel que se enquadre nessa emenda para o centro público de economia solidária, mas não consegui — justifica Sebben.

A coordenadora do Fórum Municipal de Economia Solidária, Luzia de Fátima Dinnebier, diz que o centro de economia solidária é uma reivindicação dos empreendedores. Seria um ponto fixo para venda dos produtos e também para a realização de reuniões e cursos de capacitação.

A costureira Vera Penteado, 41 anos, e outras 10 mulheres fazem parte do grupo Fênix, voltado à confecção e ao artesanato. Ela pede maior empenho dos poderes públicos e autoridades no sentido de viabilizar o centro de economia solidária.

— A gente precisa de um local que sirva de referência. Só pedimos um espaço para dignificar nosso trabalho — argumenta Vera.

Autor da emenda, Pepe Vargas informa que o município tem até setembro para protocolar o projeto. A partir daí, a União analisa e tem até dezembro para empenhar a verba. Pepe detalha que mantém bom relacionamento com o município caxiense no que se refere às emendas e acredita que a proposta da prefeitura será apresentada em tempo.

A gente precisa de um lugar que sirva de referência

A costureira Vera Penteado, 41 anos, e outras 10 mulheres fazem parte do grupo Fênix. Elas se uniram para trabalhar como empreendedoras dentro do princípio da economia solidária. Costuram e produzem artesanato numa sala da casa de Vera, no loteamento Conquista. As jaquetas, sacolas, puxa-sacos, almofadas de fuxico e tantas outras peças que confeccionam são vendidas nas feiras realizadas em diferentes pontos da cidade, conforme calendário elaborado pela prefeitura.

Vera gosta das feiras, mas, na sua opinião, também deveria haver um espaço fixo para ela e demais grupos de economia solidária comercializarem seus produtos. A dificuldade maior é em dias de chuva, quando o tempo ruim faz as costureiras perderem a chance de ganhar seu dinheirinho. Por isso, Vera pede maior empenho das autoridades no sentido de viabilizar o centro de economia solidária.

–A gente precisa de um lugar que sirva de referência, porque no inverno não se faz muita feira. Já deixamos de aproveitar outras verbas por falta de projeto e atrasos. Se perdermos mais essa (emenda de R$ 200 mil), vai ficar muito complicado. Só pedimos um espaço para dignificar nosso trabalho – argumenta Vera.

A costureira acrescenta que o grupo Fênix volta-se ao reaproveitamento de tecidos. Na sala onde as mulheres se encontram quase todas as tardes, há máquinas de costura e diversas opções de retalhos para serem transformados em novos produtos. No caso de Vera, a renda mensal gira em torno de R$ 400.