Fonte: ASCOM do FBES
Rerepresentantes de movimentos populares de todo o Brasil realizaram o II Encontro Nacional da Assembléia Popular – AP, em Luziânia – GO. O resgate histórico da Assembléia Popular feito na mesa de abertura levou os quase 500 militantes presentes na plenária a refletirem sobre os desafios e o projeto popular da AP neste ano eleitoral e seus desdobramentos, e relembrou as conquistas da AP como o plebiscito pela Reestatização da Vale do Rio Doce e a Campanha contra a ALCA, que reuniu milhares de assinaturas em todo o Brasil.
Neste contexto, o I Encontro Nacional da AP realizado em 2005 foi relembrado como um momento em que se lançou os primeiros debates sobre o projeto popular organizado. Naquela ocasião já havia a preocupação de que as discussões fossem feitas a partir dos contextos sociais e econômicos dos vários biomas do país. “Neste [segundo] encontro o que queremos é identificar os principais desafios da AP para avançar no projeto popular para o país”, afirma Luiz Bassegio, da coordenação nacional da AP.
Cinco eixos temáticos nortearam os trabalhos dos grupos, que buscaram refletir sobre o projeto popular do “Brasil que queremos”. Os eixos dos direitos – ambientais, políticos, sociais, civis, econômicos e culturais funcionou para articular a pauta de lutas dos movimentos nos debates. “A Assembleia Popular é a ferramenta para transformar os direitos em ação, para os direitos saírem do papel”, analisa Ricardo Gebrim, militante da Consulta Popular e da AP.
O desafio deste encontro foi pensar um projeto de desenvolvimento diferente do que está em curso no país atualmente. Algo que aponte para a preservação da vida e do ser humano. “Pensar num projeto popular passa por buscar alternativas ao atual projeto de desenvolvimento em curso no país”, explicou Deuci Franzen das Pastorais Sociais da CNBB. Ainda nesta linha, Marcos Arruda do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), entende que “a Economia Solidaria é uma Economia que já acontece no Brasil e que aponta alternativas para o projeto popular do “Brasil que queremos”.
Nestes dois dias de debate, os temas se tratam das velhas bandeiras de lutas dos movimentos sociais do Brasil e do mundo, como a reforma agrária e a necessidade de controle sobre o uso da terra, o fim das especulações imobiliárias; o controle social e orçamento participativo; a reestatização de empresas; a universalização dos direitos trabalhistas, a luta dos povos tradicionais contra a exploração das transacionais na exploração das riquezas naturais que afetam diretamente seus modos de vida; o fim do trabalho precarizado e escravo, a violência contra mulher e outros temas como o desenvolvimento de tecnologias sociais contrapondo-se à tecnologia convencional. Pautas de reivindicação que persistem e que demandam da AP aprofundamento e busca de novas alternativas.
Entre as organizações que integram a Assembléia Popular estão as Pastorais Sociais da CNBB, Cáritas Brasileira, Grito dos Excluídos, Movimento Sem Terra, Consulta Popular, Marcha Mundial das Mulheres, Via Campesina, Uneafro, Movimento dos Atingidos por Barragens e Jubileu Sul, etc.
Histórico
Em outubro de 2005, cerca de oito mil pessoas de várias partes do país levaram para a I Assembleia Popular, realizada em Brasília, experiências de lutas e propostas de um novo Brasil. O resultado desse encontro foi a publicação do “O Brasil que queremos”, documento de orientação estratégica e de indicação dos caminhos que deveriam ser seguidos dali em diante para conquistar um novo país. Na época, os participantes que elaboraram o documento já sabiam que ele não era “um ponto final, algo que está pronto ou que não pode ser complementado”.
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