Fonte: www.plataovag.blogspot.com
Saber exatamente quanto o governo de Minas gastou nos últimos sete anos e meio com publicidade é praticamente impossível. Uma verdadeira caixa preta, que nada tem em comum com o discurso de transparência e eficiência que o governo faz. Dados aproximados dão conta, por exemplo, que o governo Aécio-Anastasia gastou, nos primeiros seis anos e meio de governo, nada menos que R$ 349 milhões. Isso sem contar com a publicidade das empresas da Administração indireta como Cemig, Codemig, Copasa e BDMG. Todas as emissoras de TV, rádios e os grandes jornais recebem farta publicidade desses órgãos, além da publicidade institucional e aquela divulgada por campanhas de Saúde ou de Educação, que nem sempre constam dos gastos publicitários institucionais.
Os números citados constam de matéria publicada em 30.08.2009 pelo jornal O Tempo, intitulada: “Minas gasta 128 mais que o previsto em publicidade” . Gastos generosos e cada vez maiores com publicidade garantiram ao governo mineiro a conhecida blindagem. Praticamente nenhuma crítica foi feita ao governo Aécio-Anastasia nos oito anos de governo. Essa omissão da mídia tem reflexo direito no tipo de jornalismo que se pratica em Minas, terra que, dizem, era pra ser da Liberdade.
A greve dos professores, por exemplo, que entrou hoje no 24º dia, tendo realizado assembléias gigantescas, ocupação de rodovias, atos públicos em todo o estado de Minas, com a paralisação de cerca de 70% das 4 mil escolas estaduais é tratada pela mídia como notícia sem importância. Alguns jornais, como o Estado de Minas, chegam a cometer o criminoso ato de esconder passeatas-gigante que tomam conta do centro de BH, numa total falta de compromisso ético com a verdade e com a população.
Outros órgãos da grande mídia, como a Rede Globo e a TV Alterosa, inauguraram esta semana a velha prática de tentar jogar a comunidade contra a greve. Colocam no ar algum pai ou mãe de aluno para reclamar da greve, pois seus filhos estariam sem aula. Se se praticassem um jornalismo sério deveriam dizer que a greve dos educadores é uma das poucas possibilidades de impedir a total falência da Educação pública em Minas.
Sem salários dignos para os profissionais, sem investimentos adequados na Educação, os grandes perdedores são justamente os filhos das famílias de baixa renda que frequentam as escolas públicas, já que os filhos dos governantes, dos secretários de estado, dos desembargadores do Tribunal de Justiça, dos proprietários, diretores e editores de jornais frequentam escolas particulares.
O jornalismo meia boca de Minas consegue sufocar os bons profissionais da imprensa, que se vêem sem alternativas: ou comungam com as ordens dos diretores dos jornais ou perdem o emprego. É a anti-escola do bom jornalismo. Não se faz questionamento sobre as políticas sociais do atual governo.
Por sua vez, o governo mineiro tem a desfaçatez de comprar informes publicitários dizendo que já paga aos educadores salários acima do piso. O governo deveria ter vergonha de dizer que pagará, em maio de 2010, depois de oito anos de mandato, um salário bruto (teto salarial) de R$ 935,00 a um professor com curso superior ou mestrado. O valor líquido deste salário, no contracheque, chegará no máximo a R$ 830,00. O que é o mesmo que 1,63 salário mínimo.
Mas, por que será que a mídia mineira esconde esses dados e finge que a greve nem existe, a não ser quando, para ela, incomoda o trânsito de BH e dos grandes centros urbanos de Minas? A resposta talvez esteja nas generosas verbas publicitárias. Se algum dia algum deputado oposicionista tiver a coragem de pedir uma auditoria nas contas do governo, não será surpresa se encontrar cifras próximas de 1 bilhão de reais em gastos publicitários. Quase meia Cidade Administrativa. Dinheiro que seria suficiente para o governo Aécio pagar o piso de R$ 1.312,00 aos professores. Mas que, em Minas, terra da Liberdade, funciona como preço da mordaça.
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