Por Raquel Salama e Mariana Gonçalves*

As entidades-membro de toda a Rede Cáritas tiveram a oportunidade de compartilhar suas experiências e avaliar a caminhada durante as miniplenárias, ocorridas no dia 06/12, terceiro dia da 17ª Assembléia Nacional da Cáritas Brasileira.

Foram organizados quatro grupos, de acordo com as prioridades estratégicas: Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável; Defesa e promoção de direitos e controle social de políticas públicas; Fortalecimento da articulação da Cáritas com as Pastorais Sociais, as CEB’s e o conjunto da Igreja; Organização e fortalecimento da Rede Cáritas. A troca se deu com base em duas questões: quais atividades mais contribuíram para as prioridades estratégicas, e que temas, questões e desafios devem fazer parte das ações para 2010-2011.

Na plenária de Desenvolvimento Solidário e Sustentável, algumas ações apareceram com muita força. Foi identificado, por exemplo, que cresce em toda a Rede, de Norte a Sul, a ação com as famílias de catadores/as de materiais recicláveis e com as comunidades tradicionais, mais fortemente as quilombolas. Nessas comunidades, são trabalhadas a cultura e a identidade, além do acesso à terra e a organização do trabalho e da produção. Nas ações de convivência com os biomas, foram enfatizados avanços no desenvolvimento das tecnologias sociais, como o resgate de sementes crioulas, a captação e armazenamento de água da chuva e os sistemas coletivos de produção agroecológica (quintais produtivos, agroflorestas). Na economia popular solidária, os relatos mostram que a organização das feiras e outros espaços comunitários, como a Budega, têm contribuído muito no processo de comercialização. Já no campo da segurança alimentar e nutricional, o destaque foi para a conquista de políticas públicas, tendo o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) como um dos instrumentos mais acessados. Como estratégia de mobilização social, aparece com ênfase a articulação em Redes.

No grupo que discutiu a participação dos agentes Cáritas nos espaços de controle social e de Políticas Públicas, sobretudo nos conselhos (Segurança Alimentar, Direitos Humanos, Criança e Adolescente, Educação), fóruns e conferências, o debate foi intenso. Uma das questões abordadas foi o quadro reduzido de agentes liberados para atender a todas as demandas. “A proposta maior é de que a Cáritas invista na formação de parcerias locais e na mobilização do voluntariado para que outras pessoas se envolvam nas ações e participem desses espaços de controle social, já que não temos condições de atender e atuar em todos os conselhos que existem nos municípios e Estados”, comentou Arivaldo Sezyshta, relator do grupo e membro do Regional NE2. Nesse sentido, também foi enfatizada a importância de animar a participação efetiva dos jovens.

Articulação com a Igreja e fortalecimento da Rede Cáritas

Durante a miniplenária Fortalecimento da articulação da Cáritas com as Pastorais Sociais, as CEBs e o conjunto da Igreja, discutida por um grupo de 50 pessoas, foram lembradas as várias atividades que já são comuns e estão sendo reforçadas nessa perspectiva, a exemplo das Romarias da Terra e da Água, o Grito da Terra e dos Excluídos e o Intereclesial. Com relação à Campanha da Fraternidade (CF) e aos Fundos Diocesanos, foi identificado que a Cáritas tem avançado muito na animação, coordenação e criação de comissões para gestão dos recursos. Este ano, o seminário preparatório da CF fez uma reflexão do papel do fundo diocesano e como isso aparece para a Cáritas como um desafio.“Os fundos devem assegurar a liberação de pessoas para essa ação social e articulação de projetos. Não se trata de financiamento apenas, é uma ação pedagógica de acompanhamento e articulação dos grupos apoiados, na perspectiva do desenvolvimento local”, explicou Ademar Bertucci, da coordenação colegiada do Secretariado Nacional.

A comunicação também foi colocada como um ponto importante para se estabelecer relações de parceria com a Igreja como um todo e dar visibilidade às ações. O diagnóstico feito pela plenária foi de que há pouco envolvimento do clero nas ações da Cáritas. Ficou claro que estratégias de comunicação bem traçadas podem fazer com que padres e bispos participem mais das iniciativas.

Na plenária de Formação e Fortalecimento da Rede Cáritas, os principais pontos discutidos foram sustentabilidade, articulação com a Igreja, formação de agentes Cáritas, voluntariado, desenvolvimento da comunicação em rede e Semana da Solidariedade. Sobre a mobilização de recursos, o assessor da Cáritas Nacional, José Magalhães, lembrou que essa questão precisa ser vista à luz da Política de Sustentabilidade, que começou a ser construída desde 2003. Na perspectiva da comunicação, o desafio posto foi publicar materiais sobre as experiências desenvolvidas pela rede. Para Hortência Mendes, da Cáritas Regional Piauí, a comunicação em rede e a mobilização de recursos precisam ser desenvolvidas de forma articulada, incluindo também a questão do voluntariado.

*Assessoras de Comunicação das Cáritas Regional Nordeste3 (Bahia/Sergipe) e Piauí, respectivamente.