Fonte: ITCP/USP (itcp@usp.br)

Papel da moeda é organizar e fortalecer a economia local!

No dia 30 de Setembro o Banco Comunitário União Sampaio, gerenciado por meio da Casa da Mulher e da Criança e da Rede Solidária Zona Sul, com o apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo(ITCP-USP), realizou o lançamento da moeda Sampaio, uma moeda complementar à moeda oficial, o Real.

O papel deste Banco Comunitário é de aquecer e organizar a economia local, com a liberação de microcrédito produtivo com baixas taxas de juros, entre 2% e 2,2%, no valor máximo de R$ 1.000,00; e com crédito de consumo na moeda Sampaio, sem taxa de juros, no valor máximo de R$ 300,00. Trabalha-se com a idéia de microfinanças, em que para além da concessão do crédito, busca-se acompanhar e orientar o tomador do crédito.

A moeda Sampaio atua como um bônus, por exemplo o ticket alimentação, em que o consumo é direcionado para determinado setor ou atividade. No caso do Sampaio, o consumo é dirigido aos pequenos produtores e comerciantes da Economia Solidária e Popular do Jardim Maria Sampaio e aos integrantes da Rede Solidária Zona Sul, que é uma articulação de Empreendimentos de Economia Solidária e associações do Campo Limpo. Isto permite o fortalecimento destes pequenos empreendimentos, além da geração de trabalho e renda local, estimulada pelo aumento do consumo local, o que conseqüentemente, possibilita o aumento da riqueza local. Não é só a criação de uma outra moeda que permitirá isto, mas esta criação aliada à integração entre crédito produtivo com o crédito de consumo, em outras palavras, aumentando a produção e os meios de troca em um determinado território.

Além do efeito econômico dito acima, a moeda Sampaio tem a intenção de fortalecer a identidade do Jardim Maria Sampaio, gerando um campo ainda mais fértil para a organização popular local, por meio do reconhecimento da realidade comum a todos que habitam o local e da criação de instrumentos como: planejamento estratégico, com a definição de prioridades a serem reivindicadas; Fórum Local e Conselho Gestor do Banco Comunitário, aonde são tiradas as diretrizes para a atuação do banco e onde ocorre o controle deste banco, com a participação ampla da comunidade.

Vale dizer que esta ação parte dos princípios da Economia Solidária e do Desenvolvimento Local, pressupondo que não existem fórmulas prontas para as ações e projetos locais. Ao contrário, acreditamos que cada ação é uma construção coletiva fundada nos conhecimentos e na realidade local. Trata-se de um outro banco possível, pautado em relações humanas e solidárias, nos laços e afetos comunitários.