Fonte: Adital
Artesanato em madeira, bolsas feitas com palhas de bananeira, carnaúba ou coqueiro; bonecos, luminárias, peças de vestuário, chapéus. Vários produtos artesanais enchem os olhos de quem passa pelo Terminal Rodoviário de Sobral, cidade que fica a quase 300 km da capital do Ceará. As peças são produzidas por artesãos e artesãs de 14 comunidades da região que fazem parte da Bodega ARCOS (Artesanato das Comunidades Solidárias) e tem parceria de três entidades ligadas à Igreja Católica: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Criança e Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s).
A Bodega é uma iniciativa da Cáritas e foi inaugurada há pouco mais de um ano em Sobral. O projeto também está presente nas dioceses dos municípios de Tianguá, Limoeiro do Norte e Aracati, todos no estado cearense.
O trabalho surgiu através de rodas de conversa com produtores e artesãos, para facilitar o escoamento da produção artesanal das comunidades, valorizando o trabalho humano. A finalidade era discutir e rever a proposta do sistema econômico sustentável, além de melhorar a organização da cadeia produtiva.
Mas as atividades não são apenas artesanais. O trabalho é desenvolvido buscando a integração social e o lucro igualitário. E, durante todo o processo, existe a preocupação com o meio ambiente e o consumo consciente.
“Nós conscientizamos as pessoas sobre como o produto foi feito, se contribui com o meio ambiente e se pessoas foram sacrificadas na produção de algum material”, esclarece Maria do Socorro de Jesus, integrante da Comissão de Economia Solidária da Cáritas Regional Ceará. Ela explica que uma das principais preocupações da Rede Bodega é conscientizar seus produtores sobre os valores que serão transmitidos aos clientes, com base nos princípios da Economia Popular Solidária.
O objetivo é praticar um comércio justo, ético e solidário, onde o lucro não gere competição, e sim ajude os (as) trabalhadores (as) de forma horizontal. “O preço do produto é estipulado harmonizando o tempo de trabalho com o custo do material, de forma que não explore o consumidor”, diz Socorro.
Recentemente, a Bodega de Sobral recebeu apoio extra. Um projeto do Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade vai enviar às comunidades uma verba de quase 20 mil reais para fortalecimento dos trabalhos. Este recurso permitirá melhoria na estrutura dos estandes, realização de oficinas e de cursos de capacitação, além de facilitar visitas de intercâmbio entre as Bodegas. A duração será de um ano e terá o acompanhamento da Comissão de Economia Popular Solidária e da Cáritas Diocesana de Sobral.
Cerca de 60% do grupo produtivo da ARCOS é composto por jovens e mulheres, que desenvolvem este tipo de trabalho para complementar a renda familiar, segundo Maria do Socorro. Por isso, ela ressalta a importância de se trabalhar a autoestima deste público.
Embora seja ligada à Igreja Católica, a Bodega reúne pessoas de diversas religiões, procurando respeitar a diversidade de credos de seus integrantes.
No próximo final de semana, dias 12 e 13, será realizado um intercâmbio entre as Bodegas com o objetivo fortalecer a Rede através da troca de grupos solidários, experiências e produtos.