Autora: Zoraia Nunes*
Pensar e trabalhar outra forma de economia, de mercado, de produção, de consumo, de finanças e mais do que isso, pensar amplamente na construção de uma nova estrutura social baseada em uma lógica mais solidária e humana, parece ser uma tarefa homérica, e é realmente. Apesar disso, muito está sendo feito para sedimentar essa realidade e uma das iniciativas é a Rede Bodegas, projeto presente em varias Dioceses do Ceará. As Bodegas são espaços de comercialização auto gestionários e se enquadram numa perspectiva de construção de experiências alternativas baseadas em valores de igualdade, solidariedade e respeito à vida.
Após várias rodas de conversas entre a Cáritas Diocesana de Sobral e os grupos acompanhados, surgiu a Bodega ARCOS (Artesanato das Comunidades Solidárias). A idéia que norteia esse empreendimento solidário é o de facilitar o escoamento da produção das comunidades que trabalham com artesanato, sempre levando em consideração a necessidade de valorização do trabalho humano. Através dessa iniciativa, foi possível, entre outras coisas, estimular alternativas de geração de renda para jovens e mulheres dos grupos acompanhados. A valorização dos saberes populares e o intercâmbio desses saberes também merece ser ressaltado como um grande resultado da experiência.
A ARCOS comercializa artesanato de palha, fibra de bananeira, madeira, arranjos florais, pintura em tecido, bordado e crochê. Participam, ao todo, 10 comunidades. Atualmente funciona no Terminal Rodoviário de Sobral, em espaço cedido pela Empresa de Transportes Guanabara.
A boa notícia que está sendo comemorada, não só pelos que participam diretamente do trabalho da Bodega, mas também por todos que acreditam em outra forma de economia, é a aprovação por parte do conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade de um projeto no valor de R$ 19.993,28. O objetivo deste é fomentar as ações de comercialização e divulgação dos grupos/comunidades inseridos na Bodega. 14 grupos serão beneficiados. A duração é de um ano e terá o acompanhamento da Comissão de Economia Popular Solidária e da Cáritas Diocesana de Sobral.
O caminho é longo e tortuoso. Nenhuma mudança vem sem o enfrentamento de dificuldades, afinal nadamos contra a maré de um sistema de desenvolvimento insustentável, mas ainda hegemônico. Porém é sempre importante dar visibilidade passos firmes tem sido dados em outra direção, na direção de uma sociedade que se sustente em pilares mais humanos.
* Assessora de Comunicação da Cáritas Regional CE