Coordenação Executiva do FBES

O Fórum Brasileiro de Economia Solidária, cumprindo seu papel histórico de construção da economia solidária, articulando os segmentos dos empreendimentos, assessorias e gestores/as públicos/as, vem a público prestar seu apoio e solidariedade aos organizadores e organizadoras da Feira de Santa Maria, que agrupa a 16a. Feira Estadual do Cooperativismo (FEICOOP), a 8a. Feira Nacional de Economia Solidária, a 9a. Mostra da Biodiversidade e Feira de Agricultura Familiar, e a 5a. Caminhada Ecumênica pela Paz.

A Feira de Santa Maria tem sido a referência nacional e internacional no fortalecimento da economia solidária, que tem como base o trabalho coletivo com base na cooperação e na autogestão, os processos de formação fundamentados na educação popular. Uma economia pautada no desenvolvimento sustentável, no consumo responsável, no comércio justo, na democratização e acesso aos direitos humanos e na participação política e social cidadã.

Para a realização anual da Feria de Santa Maria há um amplo envolvimento preparatório, contando com 60 comissões organizadoras, para receber caravanas de empreendimentos, de movimentos sociais, organizações da sociedade civil, visitantes nacionais e internacionais. Este encontro de comercialização e formação dinamiza positivamente a economia local e garantindo trabalho e renda para muitas pessoas.

Neste sentido, manifestamos nosso repúdio à decisão da juíza Eloísa Helena Hernandez de Hernandez de proibir a realização da Feira de Santa Maria, haja visto que os organizadores já haviam deliberado e comunicado que o evento neste ano teria o caráter apenas nacional, em respeito a orientações do governo brasileiro dos riscos relacionados à Gripe Suína em eventos internacionais, e portanto não contaria com a presença de expositores nem visitantes de outros países.

O que causa maior indignação é que esta decisão da juíza dá tratamento desigual ao exigir o cancelamento da feira, mas ao mesmo tempo permitir a abertura de espaços e realização de outros eventos e atividades que também aglomeram pessoas, tais como: shopping centers, supermercados, cinemas, teatros, escolas, boates, clubes, festas, entre outros. Por que apenas a feira, se não está decretado estado de emergência na cidade? A Justiça deve primar pela igualdade de direitos. Nesta perspectiva, alertamos à população para o risco dessa postura arbitrária. Por exemplo, não há nenhum indício de cancelamento da Copa de Futebol Society nos dias 5, 12 e 19 de julho, no Planeta Bola, ou do jogo entre Riograndense e Painambi no dia 9 de julho (terceira fase da série B do Gauchão), ou dos jogos do Projeto Bom de Bola (promovidos pela rede RBS e Parati em espaço fechado, o ginásio Poliesportivo do Clube Recreativo Dores), nem de nenhum outro evento previsto e que promove a aglomeração de pessoas em lugares fechados na cidade.

De acordo com informe oficial do Portal do Ministério da Saúde, desta quarta-feira (08/07/09), as ocorrências de casos humanos de infecção por Influenza A (H1N1) em São Paulo são de 444 casos confirmados e não está acontecendo cancelamentos de eventos no estado. Temos preocupação e o interesse de que essa doença respiratória não se torne em uma epidemia, mas fica nosso questionamento às autoridades: o que motiva realmente o cancelamento de uma Feira que historicamente promove a Economia Solidária, a construção de um novo modelo de desenvolvimento solidário e sustentável e é uma das maiores mobilizações sociais do MERCOSUL?

Afirmando nossa indignação diante do cancelamento da Feira, conclamamos a população de Santa Maria a fortalecer esta corrente a favor deste importante evento, que tem contribuído fortemente e concretamente para a construção de uma sociedade que valoriza as pessoas, a natureza e um desenvolvimento pautado na solidariedade e na sustentabilidade.

A paz é fruto da justiça. A justiça é fruto da democracia. A democracia se baseia na cooperação, respeito e solidariedade. Por um mundo de paz, democracia e solidariedade!

Assinam também esta carta:

Fóruns Estaduais de Minas Gerais, Pernambuco, Roraima, Tocantins, Rondônia, Sergipe, Espírito Santo, Goiano, Maranhão, Amazonas e Alagoas

Agência de Desenvolvimento Solidário – CUT/ Paraíba

Sindicato dos Eletrecitários da Paraíba

AJOPAM

COOPERJU

ITCPES/UFPA

SETE/AP

Grupo Casa de Criola (Biojoias da Floresta)/ Porto Velho-RO

Arirambas/ Porto Velho-RO

Associação Aprender Produzir Juntos/ MG

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa do Estado de Goiás

Associação Familiar do Parque Água Frio – Ceará

Rede Arte Sudeste

Associação das Donas de Casa do Estado do Amazonas

Cáritas Arquidiocesana de Maceió

União dos Empreendedores da Economia Solidária – Pernambuco

Artana e Cia – Artesanato e Alimentação/ Recife-PE

Arte Mulher e Cia/ Paulista-PE

Lirio do Vale – Produtos de Higiene e Limpeza/ Recife-PE

Associação Costurarte/ Recife-PE

Grupo de Reciclagem Brasília Teimosa/ Recife-PE

SINDAGEM – Sindicato dos artesãos das Região Metropolitiana de Recife

Grupo Informal Pano e Arte/ Recife-PE

Incubadora de Empreendimentos Solidários UniLasalle – RS

Escola Sindical da CUT – Centro-Oeste

Associação Nacional de Trabalhadores em Empresas de Autogestão e Participação Acionária/ RJ

Rede Abelha

Grupo Colméias

Rede Moinho – Cooperativa Comércio Justo e Solidário

FORECAT 2/ Belém- PA