Por Maria Lopes – Agência Lusa (www.lusa.pt)

Na encosta sul da Serra dos Candeeiros, Chãos (Rio Maior) é uma aldeia que resiste à desertificação graças às dinâmicas de um rancho folclórico e de uma cooperativa, a Terra Chã, cujas actividades vão atraindo cada vez mais visitantes.

Actividades como escalada e rappel, percursos na natureza temáticos – a Rota dos Pastores, o passeio das orquídeas ou a visita à gruta de Alcobertas, entre outros -, são algumas das ofertas que atraem um número crescente de visitantes à aldeia.

Contudo, essa é apenas a parte mais visível de um projecto que é apontado em encontros de desenvolvimento local como um exemplo de “economia solidária”, já que à preocupação de fixar pessoas, criando emprego, junta o esforço de valorização do território e da cultura local e de conservação ambiental.

A aldeia tem um restaurante que serve pratos regionais, dois centros de acolhimento para grupos e um centro de artes e ofícios, a funcionar em instalações cedidas pelo Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros (PNSAC) e no Centro Cultural construído graças ao voluntariado dos jovens do Rancho Folclórico de Chãos, formado em 1984.

Aproveitando estas estruturas, a Cooperativa Terra Chã, que nasceu depois da construção do Centro Cultural, em 2001, desenvolveu o pólo de animação em turismo e um conjunto de projectos que visam, de forma integrada, envolver a população e contribuir para a valorização territorial, ambiental e cultural da aldeia.

Um dos projectos que melhor ilustra esse esforço é o da criação de um rebanho comunitário – actualmente com 60 cabras, 12 delas já apadrinhadas -, em parceria com a Quercus e a Vodafone, para preservação da gralha-de-bico-vermelho.

Além da conservação da gralha-de-bico-vermelho que o regresso das cabras à serra irá permitir (devolvendo insectos na base da alimentação daquela ave ameaçada), o projecto vai criar mais um posto de trabalho

António Frazão, um dos dirigentes da Terra Chã, disse à agência Lusa que a cooperativa quer candidatar um projecto para, a partir do leite de cabra, ser produzido queijo certificado.

No âmbito do programa Agris, os espaços públicos da aldeia (eiras, covas dos bagaços, cisternas) foram recuperados, bem como as fachadas tradicionais de algumas casas, numa iniciativa que visa incentivar a população a criar uma oferta de alojamento que seja complementar à disponibilizada pela cooperativa. “Podíamos adquirir as casas e recuperar, mas o desenvolvimento local passa pelo envolvimento das pessoas para serem elas próprias os actores” do processo, explica António Frazão.