Fonte: Por Luciana Lima – Agência Brasil

Se dependesse do retorno do primeiro empréstimo concedido a título de crédito imobiliário, o Banco Bem não funcionaria. “Nós autorizamos o crédito para a construção de uma laje. A senhora tinha só as paredes da casa. O problema é que a casa caiu”, conta a coordenadora do Banco Bem, Leonora Michelin Labossière Mol.

No entanto, o crédito continua funcionando. O dinheiro foi emprestado de novo à moradora e o episódio serviu para mostrar que não dava para ficar sem assistência técnica para as casas construídas no morro e financiadas pelo Banco Bem.

O chamado Território do Bem é um complexo de oito comunidades pobres encravadas no meio da Ilha de Vitória, capital do Espírito Santo, onde circula a moeda social chamada Bem, funciona o Banco Bem e uma infinidade de empreendimentos solidários. Embora exista na comunidade grande número de trabalhadores da construção civil, poucos detinham conhecimento técnico para contribuir com os demais moradores.

“Começamos a fazer projetos e enviar para ONGs. Conseguimos uma assistência técnica e ainda recursos para montar a nossa fábrica de tijolos ecológicos”, explica Leonora. A idéia do crédito imobiliário surgiu da necessidade dos moradores de sempre ampliar um pouquinho o espaço de suas casas. No Território do Bem, como em qualquer outra favela brasileira, os moradores vivem em contante construção.

O número de trabalhadores da construção civil é muito grande, como também é grande número de lojas de material de construção. “Entendemos que essa linha de crédito iria gerar trabalho e renda”, comenta a coordenadora do banco. As condições para se obter o empréstimo para construir foram também definidas pela comunidade. As pessoas têm que, obrigatoriamente, contratar os pedreiros da comunidade e comprar o material de construção no mercado local.

O tijolo utilizado para a construção vem da fábrica de tijolos comunitária. É um tijolo feito com uma mistura de barro e uma pequena parte de cimento que não leva queima. Devido ao seu formato. a edificação das paredes é feita por meio de encaixe. Não há a necessidade de usar cimento para colar, o que acaba barateando a construção.