Fonte: Adital (www.adital.com.br)

Dezenas de famílias de trabalhadores rurais do Norte de Minas Gerais e do Nordeste da Bahia vêm ganhando novo fôlego para manter um projeto de geração de renda. Em 2008, com apoio da Pastoral da Criança e da Fundação Grupo Esquel Brasil, associações de grupos produtivos dos dois estados conseguiram aprovar o projeto “Apoio a Fundos Rotativos Solidários (FRS) do Projeto Vencer Juntos: Bahia e Norte de Minas”.

Segundo a economista Barbara Schmidt-Rahmer, a nova iniciativa tem o objetivo de garantir a sustentabilidade de empreendimentos e fundos rotativos solidários. “O projeto [apoiado pelo BNB] é para fortalecer os atuais grupos produtivos e criar novos”, explica ela, que coordena o Vencer Juntos, desenvolvido desde 2003 em uma parceria entre a Pastoral da Criança e a Fundação Esquel.

De acordo com Schmidt-Rahmer, apesar de a pastoral já trabalhar com projetos de geração de renda desde 1989, o projeto Vencer Juntos foi importante para uma retomada “mais intensiva”, com mais possibilidades de atendimento da demanda da população do semiárido. “A maioria não estava funcionando. Faltavam técnicos. É muito importante ter um técnico animador, que articule as famílias”, defende.

Logo no primeiro ano, o Vencer Juntos atendeu grupos produtivos de cinco dioceses: Janaúba e Montes Claros, em Minas Gerais; Bonfim, na Bahia; Limoeiro do Norte, no Ceará; e Patos, na Paraíba. Na época, os recursos vieram do Fundo Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

A proposta atual, de apoio aos FRS, foi selecionada pelo Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários, um convênio entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes/MTE). O programa disponibiliza crédito para viabilizar ações produtivas associativas e sustentáveis que assumam o perfil da economia solidária.

Desde o início, o Vencer Juntos já apoiou cerca de 60 grupos solidários, beneficiando famílias em 13 municípios, com atuação na agricultura, artesanato, extrativismo, produção de rapadura, entre outras atividades. Nessa região, abrangida pela Diocese de Janaúba (MG), a Associação dos Agricultores Familiares Trabalhando Juntos (AFTRAJ) foi criada por vários grupos de geração de renda iniciados pelo projeto nas comunidades da cidade de Montezuma.

Na Bahia, o trabalho com fundo rotativo solidário tem história parecida, também efetivada a partir da ação conjunta da Pastoral da Criança e da Esquel. A Associação Regional dos Grupos Solidários de Geração de Renda (Aresol) foi formada por mais de 30 grupos de 10 municípios do entorno de Senhor do Bonfim (BA). A lida com o FRS motivou os trabalhadores a discutir e formular como se daria a gestão do fundo formado a partir da experiência do Vencer Juntos.

No caso da região de Senhor do Bonfim (BA), os quatro projetos previstos já receberam o crédito e estão funcionando, enquanto na Diocese de Janaúba (MG), os sete grupos previstos ainda estão em fase de avaliação. Ela diz que em Minas Gerais o processo ocorre de forma mais lenta devido a uma certa resistência dos participantes em relação à ideia de cooperação. “É uma cultura mais individualista, difícil de mudar”, analisa Barbara Schmidt Rahmer.

A economista explica que as associações têm se empenhado para construir uma gestão mais autônoma em relação às entidades que lhes dão assessoria técnica. Uma das estratégias é garantir a realização de análises criteriosas dos novos e antigos grupos produtivos. A partir de indicadores, técnicos diagnosticam os tipos de atividade mais apropriados para cada contexto e avaliam a viabilidade econômica de cada atividade produtiva.

As matérias do projeto “Boas Ideias em Comunicação” da Adital são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).