Fonte: Cáritas Brasileira, por Mayrá Lima*

Há 17 anos, os moradores de Santa Maria (RS) podem contar com um espaço onde há a oferta de alimentos saudáveis, provenientes da agricultura camponesa, além de artesanatos, plantas ornamentais, confecção e até livros usados. Trata-se do Feirão Colonial que, desde o dia 1 de abril de 1992, tem a participação efetiva dos Produtores Rurais e Urbanos associados. Hoje, a feira é composta por 250 grupos de produtores de 34 municípios gaúchos.

Mais de 20 mil pessoas freqüentam a feira, realizada aos sábados no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter. São quatro pavilhões divididos por segmentos de produção, onde o/a comprador/a poderá adquirir seus produtos de forma direta, no varejo e sem intermediários. “Uma relação de confiança mútua e solidária é criada. Assim, a consciência e a prática do comércio justo, consumo ético e solidário é fortalecida”, explica a Irmã Lurdes Dill, da Cáritas Diocesana de Santa Maria. Além disso, há a sala Irmã Dorothy, cuja finalidade é ser um espaço para a formação dos grupos organizados.

No entanto, até chegar a um modelo que atendesse às expectativas dos/as produtores/as e idealizadores/as do Feirão, ao menos duas experiências foram tentadas antes mesmo desses 17 anos de história. Segundo Irmã Lurdes, ainda em 1989, a idéia de uma feira já era cultivada. Os/as produtores/as iam, uma vez por semana, oferecer seus produtos durante dois dias. “Mas os produtos acabavam rápido e, como ninguém tinha carro ou caminhão, ficava inviável a busca de novos produtos”, lembra.

Uma outra tentativa se deu com a compra de um caminhão, mas o alto custo do transporte inviabilizou economicamente a feira. Para irmã Lurdes, “essa metodologia de concentrar tudo em um só espaço bem estruturado foi a que mais atendeu aos nossos objetivos e sonhos. Essa experiência serviu de exemplo para outros muitos lugares e inspirou a Feira de Economia Solidária do Mercosul, que, no ano passado, reuniu mais de 145 mil pessoas de diversos países”.

O Feirão faz parte das atividades do Projeto Esperança/Cooesperança da Diocese de Santa Maria. A Gestão é feita de forma colegiada, participativa e interativa entre a Equipe do projeto e os grupos associados. A Cáritas Brasileira e a Secretaria Nacional de Economia Solidária, ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego, também acompanham a iniciativa.

Banco de Sementes

Batizado com o nome do seringueiro Chico Mendes, os produtores organizaram uma sala de troca e armazenamento de sementes. O objetivo é resgatar e manter o uso da semente crioula, considerada pelos grupos organizados como um patrimônio da humanidade. “Este bem pode ficar na mão de algumas Empresas Multinacionais, através do monopólio. Os Agricultores Familiares cultivam esta consciência, participação e por isso, que preservar a semente é necessário”, afirma irmã Lurdes.

Além disso, o Feirão é um dos principais espaços de entrega dos produtos do feita PAA (Programa de Compra Antecipada de Alimentos), operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), além de espaço de entrega de alimentos do Fome Zero, do Governo Federal.

Economia Solidária

O Feirão Colonial trabalha sob o conceito de Economia Popular Solidária (Ecosol). De acordo com Irmã Lurdes, que também coordena o projeto Esperança/Cooesperança em Santa Maria, a Ecosol vai muito além da resistência à exclusão social e ao desemprego. “Ela aponta para uma nova prática econômica, para a ‘reinvenção da economia’, provando que uma nova economia é possível, na perspectiva da criação e fortalecimento de novos empreendimentos e na geração de emprego e renda a partir do trabalho cooperativado, autogestionário e da gestão participativa e transformadora”, explica.

Serviço

Feirão Colonial

Todos os sábados, de 7h às 12h.

Local: Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter. Rua Heitor Campos, s nº – ao lado do Colégio Irmão José Otão. Bairro Medianeira – Santa Maria, RS – Fone: 55 -3222 6152

*Assessora de Comunicação da Cáritas Brasileira/ Secretariado Nacional