Fonte: Adital (www.adital.com.br)

Após a criação de um Fundo Rotativo Solidário, a partir do apoio do Banco do Nordeste do Brasil, um novo projeto aprovado deve dar continuidade ao auxílio financeiro e ao assessoramento técnico para 19 empreendimentos de economia solidária da região Leste de Sergipe. Apesar do extenso título, a intenção do “Construindo uma Rede de Empreendimentos Participantes da Experiência de Fundo Rotativo Solidário (FRS) em Sergipe” é simples: promover intercâmbios para superar os obstáculos e tornar sustentável o fundo de crédito, que até 2008 tinha a participação de 9 grupos.

“A gente iniciou a partir da experiência de outro projeto aprovado pelo próprio BNB”, lembra a assistente social Ana Carla Ribeiro, que integra a coordenação colegiada da Cáritas da Diocese de Estância, entidade proponente do projeto.

A proposta “Nos Caminhos da Economia Popular Solidária”, apresentada em 2005, efetuou um acompanhamento sistemático de nove empreendimentos. Os grupos produtivos envolvem cerca de 180 famílias de seis cidades da região – Indioroba, Cristianópolis, Salgado, Poço Verde, Arauá e Estância.

As duas iniciativas são apoiadas pelo Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários, fruto de um convênio entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), que é vinculada ao Ministério de Trabalho e Emprego (MTE). O programa disponibiliza crédito para viabilizar Fundos Rotativos a ações produtivas associativas e sustentáveis que assumam o perfil da economia solidária.

Na primeira iniciativa contemplada, a Cáritas da Diocese de Estância realizou uma formação de aproximadamente um ano com as famílias envolvidas. Elas foram capacitadas a partir de oficinas que abordaram tanto o aspecto técnico da produção quanto as diretrizes da economia solidária. O projeto foi além do repasse de recursos, importante para a constituição de capital de giro e aquisição de equipamentos e matéria-prima. Confecção, artesanato, criação de animais e beneficiamento de produtos agrícolas são as principais atividades desenvolvidas pelos grupos.

Com base em gestão democrática, produção conjugada e comercialização solidária (feiras coletivas), os empreendimentos conquistaram mais autonomia e organização, dando mais visibilidade à economia solidária. Outra intenção, que ainda se apresenta como um objetivo dos produtores, é pressionar mais os poderes executivos, sobretudo os municipais, para que as iniciativas com esse perfil tenham mais apoio oficial, e criação de políticas públicas específicas. “São grupos informais, fragilizados, que precisam de uma renda imediata”,

O projeto de construção da rede, aprovado em 2008, teve o acompanhamento direto dos responsáveis pelos empreendimentos já participantes do FRS, que indicaram os dez novos grupos produtivos. O novo projeto já promoveu uma reunião para apresentar a ideia da rede e uma oficina sobre os princípios e práticas da economia solidária.

Até o final de março de 2009, devem ser finalizados os estudos de viabilidade de dois grupos – já foram analisados e aprovados. Além de diagnosticar as condições iniciais dos empreendimentos, a coordenadora Ana Carla Ribeiro destaca que essas primeiras avaliações são importantes para identificar as demandas de cada grupo.

No entanto, apesar dos avanços alcançados, como a criação do FRS e consolidação de 9 grupos produtivos, o conselho gestor percebeu que os participantes ainda tinham pontos com grandes problemas a ser resolvidos, como a infraestrutura, a gestão e a comercialização, entre outros. “A ideia era, a partir dos nove grupos, ampliar [com a inclusão de mais dez] e criar uma rede”, explica Ana Carla.

Um dos desafios ainda latentes começaria, então a ser resolvido: com a articulação sedimentada, seria intensificado o processo de compra e venda entre os próprios grupos. “É preciso criar e identificar espaços públicos permanentes de comercialização”, diz a assistente social.

As matérias do projeto “Boas Ideias em Comunicação” da Adital são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).