Tese de doutorado de Sonia Marise Salles Carvalho, defendida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia/ UnB

Esta pesquisa social relaciona a crise do mundo do trabalho à crise social que é, fundamentalmente, uma crise dos vínculos sociais. A ausência e a falta de reconhecimento do trabalho ocasionam a vulnerabilidade social, comprometendo a permanência dos elos sociais, porque o trabalho continua sendo a centralidade das relações sociais, assegurando a forma de sociabilidade humana, a identidade pessoal e a coletiva, o reconhecimento pelo outro e a possibilidade de integração social.

A luta pelo “direito ao trabalho” e “direito do trabalho” significa a luta por cidadania, manifestada no trabalho associado, ancorada por um projeto político socialista autogestionário. Essa estratégia de gestão do social, empreendida pelos trabalhadores(as) em processo de desfiliação e precarização do trabalho, sintetiza o significado da Economia Solidária (ES), com o aporte de um projeto emancipatório de sociedade, que impulsiona mudanças nas relações sociais, com destaque nas formas de racionalidade estabelecidas pelo princípio antiutilitarista. O sentido da ação social desses sujeitos históricos foi compreendido pela aproximação entre o paradigma da dádiva e os princípios da Economia Solidária (ES), que resgata a leitura do social proposto por esta teoria. A perspectiva da manutenção do vínculo social permite estabelecer a confiança e constituir alianças, que são atributos importantes para se permitir trabalhar juntos e constituir a democracia. Esse pensamento contribui para desvelar as estratégias de fazer imergir a cidadania, religando as instâncias do social por meio da formação de vínculos sociais, que combinam ao mesmo tempo obrigação e liberdade, interesse e altruísmo. A pesquisa empírica ocorreu no Fórum Distrital de ES no DF e Entorno, pela análise das relações sociais realizadas entre os seus participantes, no período de 2003 a 2008, durante o processo de construção e fortalecimento da ES.

As experiências da Economia Solidária têm valorizado a manutenção dos vínculos sociais e reconhecido a sua relevância para a gestão das políticas públicas de integração social e de condução da política de desenvolvimento sustentável e solidário do país. Como fenômeno social busca afirmar a solidariedade democrática, como o cerne das relações sociais emancipatórias. Traduz a nova relação entre a economia e a sociedade, cuja reflexão sociológica pode permitir a compreensão das potencialidades, perspectivas e desafios da ES no Brasil, na construção de um outro mundo possível.

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