Fonte: Aline Bezerra (aline.bezerra@mte.gov.br)

Brasil também esteve presente no evento

Nos dias 20 a 22 de fevereiro, cerca de 800 pessoas participaram das atividades do Congresso de Economia Solidária da Áustria, realizado em Viena com representantes de 16 países. Da América Latina, fizeram-se presentes representantes da Venezuela e do Brasil, que apresentaram diferentes dimensões das políticas públicas desenvolvidas para a Economia Solidária.

Para Markus Auinger, o Congresso foi “muito importante como um primeiro momento para a Áustria. Como já em Berlim, em 2006, a idéia era a de tornar visível a Economia Solidária. Diante a crise do capitalismo, a necessidade de encontrar outras formas de organização, outras formas de economia, se tornou ainda mais importante”.

O Congresso contribuiu igualmente para a articulação das iniciativas e empreendimentos existentes, sendo destacada a experiência de Basel, na Suíça, onde há uma rede de empreendimentos que se ajudam mutuamente: “quando um está com problemas de dinheiro, outro que teve sobras pode ajudar. Há uma redistribuição da renda entre os empreendimentos. Basel foi apresentada agora em Viena, e se viu um resultado muito concreto dessa troca de experiências. Agora se quer montar uma alternativa semelhante em Viena”, explica Markus Auinger.

Outro tema que ganhou grande expressão no Congresso foi o das moedas sociais. Existem atualmente muitos grupos na Europa estudando e realizando experiências concretas de desenvolvimento local com moedas sociais, retomando-se a experiências das décadas de 20 e 30 do século XX, defendidas por Silvio Gesell e implementadas na Baviera (Schwanenkirchen) e na Áustria (Wörgl). Segundo Auinger, “há muita gente na Áustria se dedicando a essas experiências. Há discussões profundas nesses grupos, pois alguns acham que sabem ‘a fórmula’. O Congresso discutiu as diferenças existentes, e descobriu os pontos comuns para juntar as formas e descobrir uma alternativa viável ao sistema capitalista.”

Do Brasil, foram apresentadas oficinas sobre as Políticas Públicas de Economia Solidária, por Maurício Sardá de Faria, da SENAES, e do Mapeamento da Economia Solidária no Brasil, por Ana Dubeux e Jonas Bertucci, que residem atualmente na França. Para Maurício Sardá, o Congresso de Economia Solidária da Áustria, “pelo número de participantes e pela qualidade dos debates, demonstrou a importância crescente que a economia solidária vem assumindo em várias partes do mundo, conferindo concretude a proposta de outra globalização, justa e solidária.”

Há um grande interesse pela experiência brasileira na Europa, especialmente devido ao espaço conquistado no âmbito das políticas públicas. O objetivo do Congresso era o de iniciar um processo de fortalecimento da economia solidária na Áustria. De acordo com Auinger, “o que nos perguntamos é como construir um sistema maior de economia solidária. Temos muitas experiências pequenas, basicamente autônomas, e estamos buscando formas de como vincular essas experiências, e como dar apoio, formação e assistência técnica para os empreendimentos.”

Despertou interesse também aos participantes do Congresso o tema das empresas recuperadas. Frente à crise mundial, uma das alternativas vislumbradas foi a de seguir os exemplos brasileiro e argentino e apoiar a reabertura das empresas falidas pelos próprios trabalhadores de forma autogestionária.