Carta lida na Assembléia Final do FSM 2009*

Frente à crise econômica internacional afirmamos que a economia social e solidária é uma das estrátegias que vem permitindo o crescimento econômico sustentável, parte da construção de um novo modelo de desenvolvimento que é centrado no bem estar das pessoas nos 5 continentes.

Nós, trabalhadoras, trabalhadores e militantes do movimento de Economia Solidária, fazemos as seguintes propostas:

1 – No contexto de crise mundial, mais que nunca as práticas econômicas alternativas respondem através de suas experiências com novos instrumentos de finanças sociais e solidárias. É portanto fundamental reconhecer e apoiar a criação de laços cada vez mais fortes entre a economia, sustentabilidade e as finanças solidárias.

2 – É necessário resgatar o papel da FAO dentro do sistema ONU de garantir o direito a alimentação através de recomendação de incremento da produção de alimentos oriundos da agricultura familiar e da economia solidária também como forma de promoção de outro modelo de desenvolvimento, com trabalho e justiça frente ao aumento do desemprego no mundo.

3 – Temos que dar maior importância política e coerência prática na construção material do Fórum Social Mundial, garantindo cada vez maior participação de empreendimentos solidários, de agricultura familiar local, de materiais de baixo impacto ambiental, entre outros, na infra-estrutura das edições futuras do FSM.

4 – Recomendamos a criação de uma articulação de organizações que atuam com tecnologias da informação / mídias livres para elaborar uma solução tecnológica via web que permita intercâmbios econômicos solidários locais e internacionais com base em sistemas já existentes.

5 – Na construção das futuras edições do FSM, reconhecendo o aporte da Economia Social e Solidária no seio desta globalização da solidariedade, recomendamos que o território da Economia Social e Solidária fique próximo geograficamente às grandes temáticas, na construção dos territórios através das afinidades.

6 – Defendemos o apoio e mobilização pelo projeto de Lei da Merenda Escolar Brasileiro, que garante que pelo menos 30% da merenda seja comprada de empreendimentos locais da agricultura familiar e de Economia Solidária, o que implica numa ação estratégica na defesa da segurança alimentar e nutricional, e de outro modelo de desenvolvimento: local, solidário, sustentável e culturalmente diverso.

7 – Propomos o lançamento de uma campanha mundial por compras públicas e pelo consumo ético e responsável de produtos e serviços da Economia Solidária e Agricultura Familiar, além de denunciar os danos e impactos que advém do consumo de produtos das empresas capitalistas e corporações multinacionais.

8 – Nos somamos aos demais movimentos sociais de todo o mundo em suas lutas pela dignidade humana, o bem-viver, a emancipação dos povos e a transformação do atual modelo de desenvolvimento.

* Carta lida por Jaqueline Goiano Vanzelers, representante dos empreendimentos da região norte na Coordenação Executiva do FBES, na Assembléia Final do Fórum Social Mundial 2009. Belém, Pará, Amazônia, Brasil.