Fonte: www.adital.com.br

Cerca de 40% da população brasileira não consegue satisfazer suas necessidades alimentares. No entanto, o índice de subnutrição no Brasil é baixo, o que revela a existência de redes de solidariedade que auxiliam na alimentação dessa parcela da população. Essa conclusão é do pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ricardo Paes de Barros, que proferiu a palestra “Desenho de Políticas Públicas Eficazes de Combate à Fome no Brasil”, nesta quarta-feira (8), durante o Seminário Nacional Mesa Brasil SESC, em Brasília.

Segundo o pesquisador, a fome no Brasil é um problema provocado pela má distribuição dos recursos: “A produção brasileira daria para alimentar toda a população do País e ainda exportar os 40% excedentes”. Barros acredita que as redes privadas, locais e, muitas vezes, informais de proteção social podem ser alternativas eficazes às transferências de renda governamentais. Para o pesquisador, essas redes possuem maior capacidade de identificar as famílias em risco de subnutrição e insegurança alimentar: “O programa Mesa Brasil é um bom exemplo disso, pois identifica as instituições que, por sua vez, cadastram as pessoas que precisam”.

Barros defende a idéia de que, mesmo aumentando um pouco a renda das pessoas, o problema da fome não seria resolvido. “Dois terços das pessoas subnutridas não se encontram em situação de extrema pobreza. Por isso, mesmo transferindo renda, o programa não toca nesses subnutridos. Acabar com a extrema pobreza não vai levar necessariamente à nutrição”.

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O pesquisador acrescenta que, no Brasil, as pessoas que passam fome são aquelas que não têm acesso às redes de solidariedade. Portanto, Barros ressalta a importância de reforçá-las. “A melhor estratégia parece ser uma expansão da ação pública de forma complementar as redes locais de solidariedade, uma expansão que busque fortalecê-las ao invés de susbtituu-las”, assegura.

Em relação aos programas de transferência de renda, Barros afirma que as pequenas tranferências podem ajudar, mas não resolvem o problema. “Deve-se aumentar o benefício e a abrangência desses programas. Além disso, deve-se melhorar o sistema de seleção dos beneficiários. Essa seleção não pode basear-se apenas no critério da renda, mas sim em algum critério sobre subnutrição”, ratifica.

As matérias sobre Segurança Alimentar da Adital são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.

Por Marita Brilhante, repórter da Adital, de Brasília