Projeto Esperança/Cooesperança participou da segunda reunião da rede temática de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco na UFRGS

O Projeto Esperança/Cooesperança participou nos dias 25 e 26/ set da segunda reunião da Rede Temática de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URGS), em Porto Alegre. O evento foi promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) e Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER).

O Projeto Esperança/Cooesperança e a região-central do RS, que serão representados na segunda reunião da Rede Temática pela coordenadora do Projeto Irmã Lourdes Dill, desenvolvem há vinte anos juntamente com a Cáritas (RS) um trabalho relacionado a alternativas a cultura do fumo. “Agora com a perspectiva de Políticas Públicas é possível fortalecer os Projetos de Alternativas a Cultura do Fumo nas regiões fumageiras”, destaca Irmã Lourdes.

Além de representantes de entidades e organizações do Estado do Rio Grande do Sul, o evento conta com a participação de representantes do Paraná, Santa Catarina, Ceará, Sergipe, Pernambuco e Brasília.

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Os trechos extraídos de cartas produzidas durante a realização do I Seminário Regional de Alternativas a Cultura do Fumo (1991) e do 18º Seminário (2008) promovidos pelas Dioceses de Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Cachoeira do Sul demonstram a importância e a coerência da construção de alternativas a cultura fumageira:

Trecho de Carta do I Seminário Regional de Alternativas a Cultura do Fumo- (Julho de 1991):

– Um dos principais entraves à concretização de alternativas a cultura do fumo é o inexpressivo financiamento, a falta de garantia de comercialização e de assistência técnica por parte do governo e das instituições financiadoras às outras culturas;

-Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, nos países desenvolvidos, há uma queda no consumo do fumo e um controle rígido sobre a expansão de áreas cultivadas e sobre as propagandas de Cigarros;

– Os profissionais da Saúde têm o dever de alertar a população quanto aos riscos provenientes da produção e do consumo do Fumo uma vez que morrem, anualmente, no Brasil, cerca de 180 mil pessoas em decorrência das doenças geradas pelo fumo, conforme demonstram os dados do Ministério da Saúde;

– É preciso averiguar os recursos públicos gastos com o tratamento de doenças relacionadas ao fumo e compará-los com os recursos recebidos através de “tributação deste produto”;

– O Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo em número de crianças que nascem com problemas resultantes dos efeitos do cigarro, entre eles, peso inferior e seqüelas mentais em milhares delas;

– O uso indiscriminado e abusivo de agrotóxicos determina desequilíbrio ambiental. Só no Rio Grande do Sul, são depositados cinco mil toneladas de agrotóxicos por ano para o cultivo do fumo. Essa prática compromete a qualidade do solo, da água, da vida enfim;

– Interesses econômicos impedem que a luta contra o fumo, através de campanhas de esclarecimento a população sejam assumidas conjunta a integralmente pelos que lutam em defesa da vida. Até mesmo o agricultor acaba optando por plantar fumo seduzido pelas “vantagens” oferecidas pelas empresas fumageiras.

Trecho de Carta do 18º Seminário Regional de Alternativas a Cultura do Fumo- (Agosto de 2008):

– Primeiramente, vale destacar como uma importante vitória, a aprovação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco que foi ratificada por mais de 190 países, inclusive o Brasil, e os compromissos assumidos no sentido de diminuir a produção e o consumo de tabaco e reduzir as mais de 5 milhões de mortes causadas pelo consumo do tabaco no mundo, sendo que destas, 200 mil pessoas morrem por ano no Brasil;

– Elogiamos a iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário com a criação do Programa de Diversificação das Lavouras de Fumo que tem gerado processos de formação e articulação de organizações sociais e poder publico tendo em vista a conscientização e o estímulo à produção de outras culturas, que não o fumo, e sim de alimentos. Também elogiamos o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional do Câncer, que tem participado e apoiado os Seminários de Alternativas à Cultura do Fumo e criado uma série de iniciativas que visam inibir o consumo do tabaco no Brasil, seja pela restrição à propaganda de cigarro, como pelas campanhas de conscientização sobre os malefícios do tabaco.

– Também nos alegra o fato de termos, atualmente, mais de 2 mil empreendimentos de Economia Popular Solidária que buscam a construção de uma nova economia possível, com base em relações solidárias e de cooperação, visando o desenvolvimento integral da pessoa humana em todas as suas dimensões. Dentre estes empreendimentos, muitos deixaram de produzir fumo e hoje se destacam na produção agroecológica de alimentos naturais, saudáveis e nutritivos, preservando nossa biodiversidade e garantindo a segurança e soberania alimentar de nossa população.

– A diminuição da produção do tabaco no Brasil alcança o 3º ano consecutivo com a diminuição do número de famílias produtoras e de área plantada. Isso já é um sinal dos efeitos da redução do consumo do tabaco no mundo e a geração de maior consciência social sobre os malefícios do mesmo, igualmente, aconteceu uma redução significativa dos fumantes, demonstrando que, a produção e consumo do tabaco estão em desaceleração. Afirmamos, pois, a nossa convicção e nosso compromisso da produção de alimentos como centralidade da razão da existência da agricultura familiar. Portanto, a alternativa que propomos no lugar da cultura do fumo é a produção de alimentos para a subsistência da família e da população mundial.