Fonte: Adital

Aconteceu entre os dias 11 e 12/ set o I Seminário de Economia Solidária, Cooperativismo Popular e Universidade, no Teatro da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador. O evento foi organizado pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da UNEB e teve como objetivo trazer para o âmbito da universidade a discussão de uma economia solidária em tempos de mercado acirrado.

Em entrevista à Adital, a coordenadora da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da UNEB, Suely Guimarães, fala sobre a relação da Universidade com a economia solidária e sobre a atuação da ITCP na Uneb, que completa dez anos em 2008.

Adital – O evento engloba as possibilidades e as relações entre economia solidária, cooperativismo e universidade. De que maneira o campo acadêmico pode contribuir não só no debate sobre essas questões, mas também em tornar essas iniciativas possíveis?

Suely Guimarães – A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) é um programa de pesquisa e extensão da Universidade do Estado da Bahia vinculado à Pró-Reitoria de Extensão com o objetivo de assessorar a formação de cooperativas populares visando ao desenvolvimento de organizações populares autogestionárias. A incubação de empreendimentos populares autogestionários é um processo educativo fundamentado na construção coletiva do conhecimento e referenciado no reconhecimento dos diferentes saberes e nas experiências dos atores envolvidos, buscando valorizar o indivíduo, sua comunidade num processo de desenvolvimento de tecnologias sociais nas áreas de formação, gestão, desenvolvimento de novos produtos. Assim, o campo acadêmico se volta, também, para a práxis e para o desafio de viabilizar as iniciativas.

Adital – Quais são as contradições e as possibilidades de movimentos de economia solidária num mundo marcado pelo individualismo e pela busca exacerbada pelo lucro? É possível imaginar que a economia solidária possa se estabelecer a longo prazo e promover transformações efetivas?

Suely Guimarães – Esse é o nosso desafio. E o trabalho é fundado na busca dessa transformação – nossa (da equipe), dos cooperantes, dos estudantes envolvidos – buscando uma educação pautada na cooperação e, as cooperativas norteadas pela melhoria da vida das pessoas e não pelo lucro. As cooperativas populares são empreendimentos que desempenham atividades econômicas e político-sociais.

Adital – Como você avalia a atuação do ITCP da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que está completando dez anos?

Suely Guimarães – Vivenciamos um período de desafios, andando na contra-corrente, de construção – que ainda continua – e, hoje, a economia solidária e o cooperativismo popular estão nas pautas de discussão, tanto na Universidade quanto nos órgãos governamentais e da sociedade civil.

Adital – Quando se pensa na instituição universitária, muita gente a imagina como um campo à parte da sociedade, principalmente em relação às populações carentes e excluídas. Existe uma mudança de postura em andamento? De que maneira essa aproximação vem sendo construída?

Suely Guimarães – A Extensão universitária vem mudando, nesses últimos anos, saindo de um patamar assistencialista e passando para um envolvimento efetivo com a pesquisa fundado na relação com a sociedade, Vale ressaltar o papel das ITCPs nos processos de formação do corpo discente das universidades, propiciando um vivência ímpar na interacção direta com os grupos dos bairros peri-urbanos e nas zonas rurais. A ITCP/UNEB integra a Rede Universitária de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares composta, atualmente, por 30 incubadoras em universidade de todo o país.

As matérias sobre Economia Solidária são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.