Fonte: Adital
A cultura do capital gerou um consumismo que está na base da fome de bilhões de pessoas e da atual falta de alimentos da humanidade. Para mudar essa situação, Leonardo Boff sugeriu algumas características para o consumo humano. Segundo Boff, o consumo deveria ser adequado à natureza do ser humano, justo, eqüitativo, solidário, responsável e realizador da integralidade do ser humano.
Na tentativa de passar esses e outros conhecimentos acerca do consumo, a Associação Alternativa Terrazul, em parceria com o Instituto Palmas e a Cáritas Brasileira, apoiados pela Secretária de Desenvolvimento Econômico (SDE), executa, em Fortaleza (Ceará, região Nordeste), o Programa Trabalho Comunitário Solidário. O programa trabalha a cadeia produtiva da Economia Solidária, desde a produção, comercialização e moeda social até a outra ponta da cadeia: os consumidores.
Dentro desse programa, o Terrazul coordena o projeto Fomento ao Consumo Sustentável, que envolve 14 comunidades de Fortaleza, com o objetivo de construir uma Liga de Consumidores e Consumidoras Consciente. São oferecidas oficinas de sensibilização das comunidades, de formação em consumo consciente, sobre direito do consumidor e biomapa (mapa da vida), além da realização de um diagnóstico participativo da comunidade.
“O Terrazul já tem um histórico na discussão do consumo consciente nos movimentos sociais e grupos de Fortaleza. Essa questão é muito importante para podermos repensar nossas práticas e costumes em relação às nossas atitudes. Percebemos que havia a necessidade dessa discussão para sensibilizarmos a população para o consumo sem prejudicar o meio ambiente e garantir que todos e todas tenham acesso a produtos e serviços que atendam às suas necessidades básicas”, afirma Fernanda Rodrigues, coordenadora do projeto Fomento ao Consumo Sustentável.
As comunidades envolvidas no projeto são: Rosalina, Genibaú, Parque Santana, Praia de Iracema, Conjunto Palmeiras, Granja Portugal, Dendê, Planalto Airton Senna, Lagamar, Planalto Vitória, Conjunto Ceará, Santa Maria, Santa Rosa. “Elas foram escolhidas por serem comunidades onde existe algum tipo de organização social tanto por meio de grupos produtivos como de associações comunitárias”, explica Fernanda.
Segundo a coordenadora, as comunidades receberam a proposta com curiosidade, refletindo sobre a possibilidade de uma formação política e transformadora para um novo hábito de consumo, constituindo-se em uma ação de fortalecimento para a comunidade. O projeto difunde princípios que buscam a construção de práticas de consumo e costumes para uma sociedade sustentável, baseados na justiça ambiental, equidade social e valores democráticos. “O consumidor consciente deve sempre buscar produtos e serviços ecologicamente corretos e socialmente justos”, ressalta.
Após a formação em oficinas, será realizado um encontro dos consumidores e consumidoras de Fortaleza para apresentar os resultados dos diagnósticos e das atividades realizadas e, principalmente, para criar uma rede de consumidores e consumidoras conscientes de Fortaleza. “Após o seminário, essa rede irá fazer campanhas educativas junto ao Terrazul sobre consumo consciente”, afirma Fernanda.