Fonte: Patrick Sandre (patricksandre@yahoo.com.br)

Treze milhões de reais é quanto vai custar a 8ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), evento que deve reunir na última semana de janeiro de 2009 mais de 100 mil visitantes em Belém, representando cerca de 130 países. Esse montante financeiro representa apenas os custos com a logística, passagens, acolhimento e hospedagem das delegações, tradução, identidade visual e infra-estrutura nos locais das reuniões. As obras previstas e anunciadas de infra-estrutura na cidade constituem outras despesas.

O apelo da governadora Ana Júlia Carepa ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, no último encontro dos dois chefes, em Barcarena, justifica-se pelas exigências da grandeza do evento. Embora não seja um evento de caráter estatal ou privado, o FMS depende do apoio das três esferas públicas – federal, estadual e municipal – para acontecer. Foi assim nas últimas edições e não será diferente na capital paraense. ‘Melhor para Belém, que deverá receber obras de infra-estrutura em função deste evento’, garante Aldalice Otterloo, coordenadora local da 8ª edição do FSM.

A coordenador não discriminou o montante repassado pelas diversas fontes que financiam o evento, mas lembrou que, via de regra, as edições do FSM não recebem ajuda de entidades privadas. Todos os benfeitores são públicos e dos movimentos e organismos internacionais. A previsão é de que participem do evento uma média de 100 mil pessoas, vindas de todos os cantos do mundo. O evento impõe uma infra-estrutura superior ao do Círio de Nazaré, a maior procissão religiosa do mundo, que reúne mais de 1,5 milhão de devotos da Virgem de Nazaré nas ruas da cidade, no segundo domingo de outubro.

As despesas só não são maiores, lembra Otterloo, porque ‘90% das atividades programadas para o período de 27 de janeiro a 1º de fevereiro – data do evento – são auto-gestioná rias’. Traduzindo a linguagem própria dos organizadores, tratam-se de ações onde seus propositores e efetivadores bancam as despesas. Contratação de intérpretes e montagem da infra-estrutura para esse serviço é outra despesa da lista, assim com a produção e confecção dos itens do chamado kit-fórum.

A maior das despesas se concentra no pagamento de passagens e hospedagem da maioria dos participantes, agrupados em movimentos e grupos étnicos de outros países. O trabalho de preparação do evento exigiu, entre outras demandas, a montagem de um escritório e contratação de funcionários, em plena atividade desde julho do ano passado.

Quanto à natureza de sua essência, o Fórum Social Mundial se caracteriza pela pluralidade e pela diversidade, tendo um caráter não confessional, não governamental e não partidário. Ele se propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada e em rede, de entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial. O Fórum Social Mundial não é uma entidade nem uma organização.

Fonte origianal O Liberal