Fonte: Projeto Esperança Cooesperança*
O segundo dia da Feira de Economia Solidária foi marcado pelo compromisso do Executivo Municipal em criar uma Casa de Passagem para os indígenas que constantemente passam pela cidade de Santa Maria. O ato de assinatura contou com a presença do Prefeito Valdeci Oliveira, representante da Igreja e membros das tribos indígenas.
A Casa de Passagem será viabilizada em parceria firmada entre Prefeitura Municipal de Santa Maria, a Diocese de Santa Maria (através do Projeto Esperança/Cooesperança) e da ONG Tekohá, que em guarani significa “espaço de manifestação de cultura”.
A Casa ficará situada nos fundos do Parque da Medianeira e servirá como um alojamento temporário para abrigar as comunidades indígenas que freqüentemente chegam à cidade. “Dessa maneira se resolvem os problemas de pouso e de comercialização dos índios”, avalia a coordenadora do Esperança/Cooesperança, irmã Lourdes Dill.
A religiosa reitera que o local não será para moradia e sim para o abrigo temporário dos indígenas. “Em épocas como Páscoa e Natal é grande o fluxo de índios por nossa cidade, eles poderão ficar o tempo necessário para comercializar”, avalia Lourdes.
O representante da ONG Tekohá, Luis Cláudio da Silva, com núcleo na cidade há pouco mais de um ano, avalia como necessário o compromisso firmado pela Prefeitura com a comunidade indígena. “Através de reuniões sistemáticas se deram os primeiros passos para que em conjunto com os indígenas se possa fazer a Casa dentro da cultura deles”, salienta Silva. As incompatibilidades e as diferenças entre os indígenas das tribos guarani e kaingangues serão levadas em consideração para o convívio harmônico entre os povos.
Pretende-se ainda que a Casa de Passagem abrigue um espaço cultural para a exposição dos trabalhos feitos pelos próprios índios assim como a troca cultural entre indígenas e não-indígenas. A idéia da Casa de Passagem nasceu no Fórum Mundial de Educação através de conversações entre as partes.
Luis Cláudio da Silva ressalta a importância do projeto para preservar a cultura indígena. “Dos cerca de 255 povos indígenas existentes no país, há hoje apenas dois no RS – os guaranis e os kaingangues”, alerta Silva. A previsão para a estada dos indígenas na Casa será de 15 dias. Ainda é estudada a criação de Conselho Gestor coordenado pela Mitra Diocesana.
Ao término da assinatura do ato de protocolo de intenção da Casa de Passagem foi feita uma “apropriação simbólica” por um índio que se prostrou diante da terra tocando-a, assim como outro indígena, que cravou no chão onde será construída a Casa seu arco e flecha.