Fonte: Boletim semanal da Cáritas Brasileira

Trocar experiências, conhecimentos e práticas entre empreendimentos de economia solidária de várias partes do Brasil. Com esses objetivos, cerca de 20 agentes Cáritas e representantes de empreendimentos dos 10 Estados (Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe) e do Distrito Federal visitaram sete empreendimentos em Santa Maria (RS).

Durante os dias 9 e 10 de julho, o grupo passou por uma intensa e enriquecedora jornada, aproveitando a viagem para a Feira de Santa Maria, que acontece de 11 a 13 de julho. A iniciativa do intercâmbio partiu da Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza (CE), por meio do projeto Trabalho Comunitário Solidário, cujo enfoque é o apoio e fomento a práticas urbanas de Economia Solidária.

Segundo Cristina Gusmão, da Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza, o projeto é um meio de provocar a consolidação dessas iniciativas em políticas públicas efetivas no Ceará. A expectativa em relação ao intercâmbio é fortalecer os empreendimentos a partir da troca de metodologias de ação e do compartilhamento de desafios e resultados.

“O projeto de intercâmbio foi escrito por muitas mãos”, conta Gusmão. A elaboração contou com o apoio dos Regionais Ceará e Minas Gerais. A articulação da rede foi feita pelo Ceará e pelo Secretariado Nacional de Cáritas, e toda infra-estrutura foi garantida pelo Regional Rio Grande do Sul. O encontro e a troca entre grupos, associações e cooperativas diversificadas contou com o apoio do Banco do Nordeste (BNB).

O projeto Trabalho Comunitário Solidário é apoiado pela prefeitura de Fortaleza, em parceria com o Instituto Banco Palmas, a Associação Civil Alternativa Terrazul e a Cáritas Regional Ceará.

Empreendimentos

A Cooperativa Univens, que há 12 anos trabalha com confecção de roupas, recebeu os/as visitantes para contar sua história de luta social e sucesso. Atualmente, 25 mulheres e 1 homem levam adiante o sonho de um trabalho digno, compartilhado e autônomo.

O Grupo Beijo Frio, também localizado numa área empobrecida da capital gaúcha, é formado por seis mulheres, que compõem a Associação de Mulheres Negras. Produzem sorvetes e casquinhas artesanais. No inverno, fazem pizzas. Trabalham por encomendas e em eventos, lutando para enfrentar as dificuldades financeiras.

No roteiro, foram visitados também os grupos BMBC (alimentação, confecção, comercialização); o coletivo de mulheres “Em nome da Arte” e a associação “Toque de Anjo” (artesanato); o Assentamento Nova Santa Rita (frangos caipiras, lavouras agroecológicas), um dos assentamentos “modelo” ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; e a ONG Maria Mulher, que combate a violência doméstica e sexual, numa abordagem direcionada às mulheres negras da região do Cruzeiro, com 75 mil habitantes, próxima ao centro de Porto Alegre.

Companheirismo

A avaliação do intercâmbio, assim como da Feira de Santa Maria, foi compartilhada pelos agentes Cáritas na segunda-feira (14). De acordo com os/as participantes, a troca de conhecimentos e experiências se deu num ambiente de reciprocidade e companheirismo. Fica a certeza de que cada pessoa se transforma nesse tipo de interação. Realidades que podem parecer distantes, mas apenas à primeira vista. Porque o brilho nos olhares revela o contrário: a união entre as pessoas, expressando a vontade de construir coletivamente um mundo melhor – mais justo, humano e solidário.

Texto de Renina Valejo – Assessoria nacional de comunicação da Cáritas Brasileira